Autoridades da África pedem intensificação das relações do continente com o Brasil
Da Redação | 17/07/2003, 00h00
Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) nesta quinta-feira (17) foi discutida a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (Nepad), organização que pretende aproximar os países africanos entre si e com outros países do mundo, como o Brasil. O embaixador da República de Camarões no Brasil, decano do grupo dos embaixadores africanos no país, Martin Mbarga Nguele, afirmou ser importantíssimo o Congresso Nacional empenhar-se na renovação das relações entre Brasil e África.
Nguele disse que os africanos perceberam que, em vez de ficar lamentando a herança colonial, era melhor enfrentar o futuro e trabalhar por melhorias, o que fez surgir soluções como o Nepad. Os africanos enfrentam -selvagem competição- no mundo globalizado, acrescentou, destacando que o Brasil ocupa papel importante como aliado natural da África.
O embaixador do Senegal, César Coly, afirmou que o Brasil e os países africanos precisam incrementar o comércio bilateral e pediu que o Brasil abra espaço para os produtos africanos. O diretor-geral da África e Oriente Próximo do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Pedro Motta Pinto Coelho, pediu que o Congresso Nacional se empenhe em facilitar a entrada de produtos africanos no Brasil.
Coelho acredita que essa iniciativa poderá integrar o Brasil ao esforço do Nepad para melhorar as condições de vida na África. Ele lembrou que Brasil e África têm muito em comum, enfrentando inclusive os mesmos problemas de pobreza e de falta de bons sistemas de saúde e educação. Por isso, afirmou, o Brasil pretende participar do Nepad. -O que os países africanos esperam do Brasil é capital e investimento, à medida que haja grupos brasileiros interessados em investir naquele continente-, afirmou.
- O Nepad é um programa de ação com uma estrutura governamental. Vem em boa hora, porque os africanos estão fazendo esforço extraordinário para desenvolver a consolidação da democracia, estabilidade política, luta contra corrupção, contra a pobreza, combate às endemias e combate ao analfabetismo, coisas muito próximas ao Brasil - disse Coelho.
O presidente da Central-Engenharia e Logística do governo do estado do Rio de Janeiro, Albuíno Cunha de Azeredo, disse ficar contente ao ver que há sinais de aproximação entre o Brasil e o continente africano. Para Azeredo, a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região é um sinal otimista.
O vice-presidente da CRE, senador Marcelo Crivella (PL-RJ), que presidiu a reunião do colegiado, também defendeu maior aproximação entre Brasil e África. O senador pediu que as companhias aéreas brasileiras restabeleçam o mais rápido possível linhas aéreas que liguem o Brasil ao continente africano. Também participaram da audiência pública embaixadores de diversos países africanos como Argélia, Cabo Verde, Costa do Marfim, Congo e Nigéria.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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