Suassuna alerta para desesperança da juventude e diz que Brasil "não tem vergonha"

Da Redação | 23/06/2003, 00h00

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) advertiu nesta segunda-feira (23) que a juventude brasileira não tem esperança no futuro e que o país -não tem vergonha, determinação e nem organização-, perdendo-se na cultura do -deixa para depois-, sem pensar e nem projetar para o futuro. -Pasmem, colegas, 24% dos brasileiros de 18 a 25 anos de idade não acreditam que consigam melhorar de vida, o que é de tirar o sono até do maior dos otimistas-, disse. De acordo com Suassuna, quem não acredita no futuro fica paralisado no presente, -desanimado, desmotivado-, o que compromete seriamente o país. O senador defendeu uma política articulada e ampla para a juventude brasileira, coordenada nas esferas federal, estadual e municipal, com a parceria de empresas, sindicatos e entidades não-governamentais. - Uma política que englobe programas de educação, cultura, saúde, lazer, renda e qualificação profissional - explicou. O senador citou estatísticas que mostram um crescimento acelerado das mortes violentas na faixa etária compreendida entre os 15 e os 24 anos. - Nas capitais, a média de assassinatos nessa idade está em torno de 43%. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, essa estatística sobre para 50%, ou seja, metade das mortes de jovens são provocadas por assassinatos. Suassuna lembrou ainda que metade da população infanto-juvenil do Brasil vive em famílias que têm renda inferior a meio salário mínimo. Por isso, cerca de 17% da população de 10 a 14 anos estão trabalhando, em vez de freqüentar a escola e preparar-se para um futuro melhor. - Se ampliarmos o estrato etário para a população entre 10 e 17 anos, veremos que cerca de 7 milhões participam da força de trabalho-, disse. E acrescentou que nem todos estão na zona rural: -Ao contrário, 60% deles estão trabalhando em atividades não-agrícolas, desprotegidos e indefesos num sistema laboral que lhes nega a devida proteção social-, disse.

O senador advertiu também para o uso de drogas e para a absorção cada vez maior de jovens pelo tráfico. Além disso, lembrou, no Nordeste e na periferia de cidades como Brasília, cada vez mais crianças de 12 anos recorrem à prostituição como meio de sobrevivência.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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