Globo Cabo é viável, diz presidente do BNDES

Da Redação | 21/05/2002, 00h00

Apesar de ter uma dívida de R$ 1,5 bilhão e de haver registrado um prejuízo de R$ 700 milhões em 2001, a empresa Globo Cabo, que opera na maior parte das cidades com o nome de NET, é uma empresa viável, com sólidas perspectivas de retorno, segundo afirmou nesta terça-feira (21) o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Eleazar de Carvalho Filho.

Durante uma audiência pública de quase três horas, Eleazar procurou explicar aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)os motivos que levaram a BNDESPAR, subsidiária do BNDES, a participar, com R$ 281 milhões, de uma operação de reestruturação e capitalização daquela empresa que deve chegar a um total de R$ 995 milhões. Os números trazidos por Eleazar diferem um pouco dos divulgados oficialmente até agora pelo BNDES, que apontavam para uma operação num valor total de R$ 1 bilhão e de uma participação do banco de R$ 284 milhões.

A empresa Globo Cabo tem como seu acionista majoritário as Organizações Globo, que vão entrar no programa de capitalização da empresa com R$ 540 milhões (54,3%). O BNDES entrará com R$ 281 milhões, ou 28,2% da operação; o Bradespar, com R$ 95 milhões (9,6% do aporte de recursos); a Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS), com R$ 56 milhões (5,6%); e os demais acionistas, com R$ 23 milhões (2,3%).

Eleazar de Carvalho Filho explicou que o programa de capitalização da Globo Cabo foi precedido por seis meses de debates e de estudos no BNDES, que acabou concluindo que a empresa, apesar da sua situação de prejuízo e de elevado endividamento, tem boas perspectivas de retorno no futuro.

O erro básico da empresa, segundo explicou o presidente do BNDES, foi de natureza financeira: os seus investimentos apoiavam-se em recursos emprestados em dólar, e, portanto, sujeitos à variação cambial, enquanto suas receitas são obtidas em reais. Com a mudança da política cambial, a empresa foi surpreendida.

Houve também - acrescentou Eleazar - uma superestimação do mercado, projetando-se que as classes de renda C e D iriam aderir mais rapidamente à TV por assinatura. A resposta esperada, contudo, não aconteceu e os dois efeitos somados (o de natureza cambial e o não crescimento do número de assinaturas aos níveis projetados) geraram uma situação difícil. Por isso, a dívida da empresa cresceu e surgiu um enorme prejuízo, pressionado, principalmente, pelos elevados custos financeiros.

Para o futuro, contudo, segundo Eleazar, as perspectivas são boas, porque os grandes investimentos em infra-estrutura já foram realizados, instalando-se 36 mil quilômetros de cabos para o atendimento a 6,4 milhões de residências. A empresa domina também 45% do mercado, com 1,4 milhão de assinantes, e tem acesso aos mercados mais atrativos do país.

A empresa, por inserir-se no programa de Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) - argumentou o presidente do BNDES - está ainda em condições de atrair novos investidores, já que aquele programa assegura direito de voto para todos os acionistas e tag along para os minoritários (mesmas condições, dadas aos controladores da empresa, numa eventual venda da companhia).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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