Culpado do "apagão" tem um nome: Pedro Malan, diz professor à CI

Da Redação | 22/05/2001, 00h00

O maior responsável pela crise energética brasileira é o ministro Pedro Malan, da Fazenda, disse nesta terça-feira (dia 22) à Comissão de Serviços de Infra-Estrutura do Senado, o professor Luis Pinguelli Rosa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), durante audiência pública, à qual deixaram de comparecer os representantes do governo - ministros Pedro Parente, da Casa Civil e presidente da Câmara de Gestão da Crise de Energia; José Jorge, de Minas e Energia; e ainda José Mário Miranda Abdo, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); César Antônio Gonçalves, superintendente de Regulamentação Econômica da Aneeel e Mário Fernando Santos, presidente do Operador Nacional do Sistema (ONS). Eles alegaram ter de participar de uma reunião com o presidente da República, para não comparecer ao encontro.

Em sua exposição para os senadores, o professor Pinguelli Rosa disse que a política econômica em vigor no Brasil foi simplesmente desastrosa para o setor de energia elétrica. O maior culpado pela crise de energia - disse o professor - é o ministro Pedro Malan, que embarcou num modelo completamente equivocado, impedindo que as estatais investissem na geração e distribuição de energia.

Segundo o professor, o presidente de Furnas, Luiz Carlos Santos, chegou a ser severamente advertido pelo ministro Pedro Malan, ao sugerir que aquela empresa se convertesse numa "Petrobrás do setor elétrico", retomando os investimentos.

Os outros debatedores, o professor Maurício Tolmasquim, da UFRJ, e Ildo Sauer, da Universidade de São Paulo (USP), concordaram com Pinguelli ao responsabilizarem a atual política econômica como a maior responsável pela crise de energia, em primeiro lugar, por sustar os investimentos estatais no setor; e em segundo lugar, por esperar por investimentos da iniciativa privada, que nunca vieram. Segundo a metodologia do Fundo Monetário Internacional (FMI), qualquer investimento realizado por uma empresa estatal é considerado "despesas do governo".

Para se chegar ao ajuste fiscal ao qual o país se compromete ao assinar o acordo com o Fundo, cortam-se indiscriminadamente todas as despesas de governo, mesmo no caso de investimentos capazes de gerar lucros fabulosos, como no caso dos investimentos de Furnas - explicou o prof. Tolmasquim.

Nessa mesma linha, o professor Sauer disse que o governo rompeu, a partir de 1995 a aliança entre a capacidade instalada e o crescimento do consumo, impondo um novo modelo ao setor, que somente surtiu resultados desastrosos. Agora, arrematou, "quer cobrar a conta dos seus erros dos consumidores". Com a crise, segundo o professor Pinguelli, é preciso repensar todo o modelo de curto, médio e longo prazo do setor energético.

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Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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