EUA perdem autoridade para tratar de ecologia ao ignorarem Protocolo de Kyoto, diz Jefferson

Da Redação | 25/04/2001, 00h00

Em face da decisão do governo dos EUA de não endossar a regulamentação das normas contidas no Protocolo de Kyoto, destinadas a reduzir a emissão, na atmosfera, de dióxido de carbono e de outros gases igualmente prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) observou que cabe, mais do que nunca, a indagação:

- Que moral terão esses "donos do mundo" para continuar cobrando do caboclo amazônico, do lenhador indonésio ou do camponês africano um fim às agressões que os povos periféricos infligem a seus respectivos patrimônios florestais, tangidos pela pobreza, pela necessidade, pelo desamparo, enfim, pela falta de perspectivas e alternativas?

Péres denunciou o caráter retrógado da decisão norte-americana e salientou que "a questão é séria e urgente". Ele citou a divulgação dos cálculos obtidos por equipe científica do Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT), coordenada pelo Dr. Henry Jacoby. Conforme esse documento, o aumento mediano de temperatura que o mundo pode esperar, na hipótese de nada vir a ser feito, é de dois e meio graus centígrados até o fim deste século, o que corresponderá a uma elevação do nível médio do mar de até 90 centímetros, no mesmo período.

- Não é difícil imaginar as gravíssimas conseqüências de tudo isso para a sobrevivência do planeta - alertou.

De acordo com o senador, o governo dos Estados Unidos - que, para se ajustarem aos compromissos de Kyoto, precisarão cortar 300 milhões de toneladas do dióxido de carbono que hoje jogam por ano na atmosfera -, está influenciando negativamente outras nações do Norte desenvolvido. Respaldadas pela decisão do presidente George Bush, algumas dessas nações começam a enxergar na reversão americana uma conveniente desculpar para se eximirem dessas mesmas metas.

Jefferson Péres lembrou que no próximo mês de julho deverá realizar-se mais uma rodada do processo de Kyoto, na cidade de Bonn, na Alemanha. Ele manifestou sua expectativa de que, até lá, a burocracia americana reflita a respeito das manifestações dos seus parceiros internacionais e, sobretudo, das pressões da opinião pública doméstica, flexibilizando sua rígida posição do momento.

O senador se disse otimista quanto às chances de a comunidade internacional chegar à próxima "Cúpula da Terra", programada para setembro de 2002, em Johannesburgo, "com um consenso operacional capaz de reduzir os riscos do efeito estufa".

Ele também manifestou sua convicção de que o Senado brasileiro continue atuando em conjunto com o Poder Executivo na defesa do avanço das negociações sobre as mudanças climáticas mundiais.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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