PAULO TARSO É APROVADO PELA CRE PARA EMBAIXADOR NA ITÁLIA

Da Redação | 23/03/1999, 00h00

O que era para ser a sabatina de um diplomata na Comissão de Relações Exteriores (CRE), nesta terça-feira (dia 23), tornou-se um emocionante ato de aclamação do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, indicado pelo presidente da República para exercer o cargo de embaixador do Brasil junto à República da Itália. Embaixador em vários países e ex-ministro das Relações Exteriores, Paulo Tarso foi apontado pelo presidente da CRE, senador José Sarney (PMDB-AP), e confirmado pelos demais integrantes, como uma das figuras mais importantes da diplomacia brasileira. O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, também esteve presente à reunião. O nome do embaixador foi aprovado por unanimidade CRE, e a mensagem com sua indicação vai agora ao plenário.José Sarney lembrou que Paulo Tarso foi ministro das Relações Exteriores em várias ocasiões, durante seu mandato como presidente da República, e atestou que o embaixador é dono de um "talento excepcional e de uma grande cultura". Comovido com o exemplo de vida e devoção ao serviço público demonstrados por Paulo Tarso, Sarney disse ainda que, pôde testemunhar o espírito público e a ajuda dada ao Brasil pelo embaixador durante o seu governo. "V. Exª conseguiu ser uma das poucas convergências e unanimidades nesta Casa", afirmou Sarney.O embaixador ressaltou que os problemas de saúde que sofreu há dois anos tiraram-lhe alguma mobilidade física, mas com o apoio dos amigos e um espírito forte estava pronto para cumprir qualquer missão que lhe fosse dada. Ele também destacou a importância do apoio do Senado para o sucesso de qualquer missão diplomática. Demonstrando absoluta lucidez, o embaixador lembrou conversa mantida com o presidente Fernando Henrique Cardoso, quando este lhe disse que, após duas cirurgias na cabeça, era o único auxiliar de seu governo que poderia provar que tem cérebro.Paulo Tarso explicou aos senadores que a Itália é o quinto parceiro comercial do Brasil e que já tem várias idéias e projetos para expandir o relacionamento entre os dois países, não apenas na área comercial, mas nas áreas de esporte, aeronáutica, energia, turismo e, principalmente, na área cultural. O embaixador revelou que pretende realizar um festival de música brasileira em Roma. Ele lembrou que a maior colônia italiana não se encontra nos Estados Unidos, mas no Brasil. São 23 milhões de imigrantes vivendo em sua maior parte no Sul do país.O senador Bernardo Cabral (PFL-AM) lembrou quando conheceu Paulo Tarso e como o tempo conseguiu afirmar a capacidade do embaixador. "Raramente se vê um diplomata dessa categoria", opinou o senador. Cabral destacou ainda da atuação de Paulo Tarso, quando era embaixador do Brasil na Inglaterra, junto ao Iraque. Segundo ele, esse serviço prestado só será reconhecido no futuro, devido à confidencialidade do assunto.Já o senador Romeu Tuma (PFL-SP) disse que sempre recebeu dele todo o apoio necessário quando enfrentou momentos difíceis na diretoria da Polícia Federal. Tuma lembrou que a Itália também é a maior parceira do Brasil no combate ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro desde o início da "Operação Mãos Limpas".O senador Djalma Bessa (PFL-BA) argumentou que apenas os títulos apresentados no currículo seriam suficientes para aprovar a indicação de Paulo Tarso, mas o embaixador contava ainda com o depoimento do senador José Sarney. O senador revelou que seu voto seria pela aprovação do embaixador.O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) afirmou que era um "fato muitíssimo auspicioso" o governo ter escolhido Paulo Tarso para esta missão na Itália, pelo seu talento de desenvolver relações econômicas e de ser um promotor do comércio entre países. O senador observou que tem uma grande expectativa de abertura na relação entre Brasil e Itália, "que ainda não foi devidamente conduzida" e ressaltou a identificação que cria pontos de aproximação entre dois povos que se admiram.O senador Lauro Campos (PT-DF) disse estar feliz por reencontrar Paulo Tarso após quase 50 anos. Lauro Campos revelou que, na juventude, ambos foram "quase vizinhos" em Belo Horizonte e que freqüentavam o Minas Tênis Clube. "Eu estava no quarto ano de Direito, quando Paulo Tarso entrou na faculdade", informou o senador. Lauro Campos lembrou também que foi o sogro do embaixador, o médico Amílcar Martins, quem o curou de uma esquistossomose.O senador Pedro Simon (PMDB-RS) confessou estar alegre e emocionado em ver a garra de Paulo Tarso e que tem acompanhado a competência do embaixador na luta contra as seqüelas do acidente vascular cerebral sofrido há dois anos. Simon destacou que o embaixador tinha todo o direito de gozar uma boa aposentadoria, mas preferiu continuar trabalhando e alimentando sonhos. O senador lembrou ao embaixador que a força econômica da Itália reside nas pequenas e médias empresas e que o Brasil poderia aprender muito com essa experiência.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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