"Quando elas se movimentam" estreia na TV Senado
06/03/2025, 16h57
A TV Senado estreia neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher, às 21h, o documentário "Quando elas se movimentam", uma produção dirigida pela cineasta Susanna Lira, que lança luz sobre a força e a resistência das mulheres negras brasileiras. A produção ficará disponível também no Globoplay.
A frase inspiradora da ativista Angela Davis, "Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela", sintetiza o espírito da obra, realizada como parte das celebrações dos 200 anos do Senado Federal. O lançamento também marca os dez anos do Comitê de Equidade de Gênero e Raça do Senado.
Quem são elas
Angélica, Antônia, Luana são as personagens da produção da TV Senado. Personagens, não, mas mulheres que se fizeram cidadãs: gaúcha, mineira, fluminense. Poderiam ser paraenses, goianas, sergipanas. Brasileiras comuns e extraordinárias. “Quando elas se movimentam” é a história delas. E, com a história delas, é possível puxar o fio recente das mudanças sociais no Brasil.
Esse fio entrelaça a labuta de “gente pobre arrancando a vida com a mão” (como está no verso de Caetano Veloso), com a batalha de mulheres que devem ser vistas e ouvidas neste Brasil excludente.
O Relatório Anual Socioeconômico, do Ministério das Mulheres, fez o diagnóstico. Na escala das desigualdades que oprimem meninas, garotas, minas, manas, donas e senhoras, o país reserva às pardas e às pretas as maiores iniquidades: no acesso à educação, nos riscos à saúde, nas diferentes formas de violência. Nada muito sutil, mas por muito tempo deliberadamente ignorado.
Antônia Faleiros não se lembra de ter sido criança. Nasceu, como diz, preta e com asas, na comunidade do Barro Amarelo, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Foi empregada doméstica em Belo Horizonte, dormiu na rua, estudou para concurso público com apostilas recolhidas no lixo, tornou-se juíza e atua em Lauro de Freitas, na Bahia.
O pioneirismo de Angélica da Silva Pinto abriu caminhos e puxou a fila no Quilombo Júlio Borges. A psicóloga e conselheira tutelar foi a primeira universitária da comunidade onde os mais antigos trabalhavam 12 horas por dia para ganhar um quilo de banha. Para que ela conseguisse pagar os estudos, o pai saiu do interior do Rio Grande do Sul e foi trabalhar no Piauí.
Luana Xavier, que herdou a nobreza e a profissão da avó, a atriz Chica Xavier, sabe que a história das pessoas negras quase nunca é contada por elas. Não aceita que continue sendo assim. Pensa e comunica a negritude através da arte e dos orixás. Durante a produção do documentário, a carioca ensaiava em Salvador a adaptação teatral do livro “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro.
Com quantas lacunas se faz o resumo de uma vida? E de três vidas e das outras que nelas se entrelaçam?
Na produção de “Quando Elas se Movimentam”, a equipe da diretora Susanna Lira foi a Salvador, Lauro de Freitas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e a Salto do Jacuí para costurar essas histórias, que se tecem também em Brasília.
No filme, projeções no prédio do Congresso Nacional das imagens de conquistas históricas expõem a luta sem fim por leis que desfaçam desigualdades – e que sejam aplicadas: PEC das Domésticas, Lei de Cotas, Estatuto da Igualdade Racial, Lei Maria da Penha, entre outras. Em texto de 2013, a inquieta Angela Davis já havia escrito que o levantar das mulheres negras provoca mudanças capazes de balançar o chão.
Globoplay
Para ampliar a distribuição do documentário, especialmente nas plataformas nas quais a TV Senado ainda não tem alcance, o Senado publicou uma chamada pública de plataformas de vídeo sob demanda interessadas em distribuir o filme.
O edital está publicado no portal do Senado e no portal de compras públicas do governo federal. Por meio desse edital, o documentário ficará disponível também no Globoplay a partir de 8 de março.
Exibição especial
No dia 25 de março, às 18h30, a TV Senado, em parceria com o Comitê de Gênero e Raça do Senado, promoverá exibição especial do filme Quando elas se movimentam, no Cine Brasília, sala de cinema tradicional. A sessão será aberta ao público, com entrada franca.
Antes haverá uma mesa de apresentação com as personagens do filme Antônia Faleiros, juíza do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), e Luana Xavier, atriz; com a cineasta e professora da Universidade de Brasília (UnB) Edileuza Penha; e a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, mediadas por Erica Ceolin, diretora da Secretaria de Comunicação do Senado.
Comitê de Gênero e Raça do Senado completa 10 anos
O Comitê Permanente pela Promoção da Igualdade de Gênero e Raça do Senado Federal completa 10 anos em 2025, reafirmando sua atuação na construção de um ambiente mais inclusivo e equitativo.
Ao longo da última década, o comitê promoveu ações e campanhas que impactaram diretamente a cultura institucional do Senado, consolidando-se como referência no compromisso com a diversidade e o respeito.
Reconhecido nacionalmente, o comitê tem sido essencial na formulação e implementação de políticas voltadas à igualdade de oportunidades para todos os servidores, independentemente de gênero, raça ou etnia. Já recebeu o Selo Pró-Equidade três vezes e inspirou legislações voltadas à equidade no serviço público.
Serviço
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