Senadores e familiares de israelenses cobram esforço pela liberação de reféns

Da Agência Senado | 11/12/2023, 13h46

Durante sessão de debates no Plenário nesta segunda-feira (11), senadores, familiares de reféns que estão em poder do Hamas desde o ataque do dia 7 de outubro, lideranças judaicas e o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, reforçaram o pedido para que o Brasil condene o grupo palestino, os ataques cometidos contra o Estado de Israel e atue junto à comunidade internacional para liberação dos reféns. Os participantes também criticaram o que chamaram de uma “nova onda de antissemitismo” no mundo, alertando para a necessidade de se combater o discurso de ódio e as notícias falsas contra o povo judeu. 

Jorge Seif (PL-SC), que presidiu os trabalhos da mesa, afirmou que o 7 de outubro de 2023 entrou para o calendário judeu como o dia mais horrível, obscuro e inaceitável. Para ele, é essencial que a comunidade internacional atue com urgência para buscar uma solução pacífica e duradoura para o conflito no sentido de resgatar os reféns e na condenação dos membros do grupo palestino responsável pelos ataques, o Hamas. 

— À medida que os eventos se agravam, é fundamental lembrar que por trás dos números e das manchetes estão vidas humanas, famílias e comunidades inteiras em sofrimento. A busca pela paz na Terra Santa é uma tarefa extremamente complexa, mas é uma tarefa que deve ser enfrentada com determinação e cooperação internacional, incluindo o Brasil. 

O senador classificou o grupo Hamas como terrorista e lembrou que até o momento a ação gerou como consequência a morte de mais de 18 mil pessoas na região. Desse total, reforçou Seif, mais de 1,4 mil são israelenses, 61 são jornalistas, mais de 100 são funcionários da ONU e mais de 17 mil são palestinos, majoritariamente mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Além disso, mais de 200 pessoas estão mantidas como reféns pelo Hamas.  

O embaixador de Israel, Daniel Zohar Zonshine, disse que a Carta do Hamas fala claramente que o maior objetivo do grupo é destruir o Estado de Israel e exterminar os israelenses. Diante da crescente ameaça, ele justificou a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza.

— Nenhum país pode suportar tal situação de hostilidade, que é isto, portanto, juntamente com a libertação dos raptados. Oobjetivo de Israel é que o Hamas não continue a controlar a Faixa de Gaza, principalmente para não pôr Israel e os israelenses em perigo.

Mary Shohat, irmã do israelo-brasileiro Michel Nisenbaum, de 59 anos, um dos sequestrados do dia 7 de outubro, disse que desde o ataque a vida da família mudou "em 180 graus". Shohat pediu esforços das lideranças brasileiras para negociar a liberação dos sequestrados. 

— Nós estamos com uma dor na nossa alma, o nosso coração está pingando sangue. Eu não tenho palavras para explicar o que está passando com toda a nossa família. A nossa mãe, a todo tempo, chora e ninguém tem palavras para consolá-la. De uma família completa passamos a ser uma família, menos um. E este um é muito importante.

O mesmo pedido foi reforçado por Maluf Nisenbaum, filha de Michel. 

Antissemitismo

Na avaliação dos senadores, além do reforço junto às lideranças internacionais para se alcançar a paz na região, a liberação dos reféns e a condenação dos membros do Hamas, a maior responsabilidade do Brasil é buscar mecanismos para “frear a onda de manifestação de antissemitismo” e incentivar uma onda de solidariedade ao povo judeu.

Para o Senador Sergio Moro (União-PR), o Brasil precisa olhar a questão com a “clareza moral” que se é exigida, reconhecendo, segundo ele, que o Hamas realizou um “ataque terrorista”, de que Israel possui o direito de se defender e recuperar seus reféns, “destruindo esse grupo terrorista”. 

— Enquanto não houver a rendição desse grupo, a recuperação dos reféns e a destruição do Hamas as ações são justificáveis dentro ali da Faixa de Gaza. É claro que essas ações têm que seguir as regras do ordenamento internacional e evitar, tanto quanto possível, qualquer dano à população civil. Nós não podemos transferir a responsabilidade desse grupo terrorista para a população palestina. 

Na visão do senador Marcos Rogério (PL-RO), o Brasil não pode relativizar o ato do Hamas. De acordo com ele, existe um “antissemitismo velado” praticado por aqueles que se recusam a reconhecer os ataques como terrorismo. O parlamentar criticou falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo ele, reforçam esse posicionamento. 

— Pior que isso é comparar os atos brutais do Hamas às ações de guerra de Israel. Com sua postura diplomática, o governo brasileiro está revelando uma profunda ignorância. Não falo de ignorância bíblica, não falo de ignorância espiritual, falo apenas de ignorância política, histórica e factual. Ficar contra Israel na guerra declarada ao Hamas é acintosamente um equívoco abissal e absurdo, talvez o maior erro do governo brasileiro até o momento, com ênfase muito forte na postura do presidente Lula, que, com suas palavras nada acertadas, flerta abertamente com o terrorismo. 

Presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg afirmou que defender o Hamas é ir contra os direitos humanos fundamentais. Para ele, somente o discurso de ódio e o preconceito explicam como “a mentira tem sufocado” a verdade dos fatos, que, segundo ele, é só uma: Israel tem se defendido contra a ação de uma “organização terrorista” que tem entre seus objetivos o “aniquilamento do povo judeu”. 

— Fatos se apagam e o discurso de ódio começa a emergir. Reféns são esquecidos e o quadro fratricida simplesmente é subtraído. Falas ou citações equivocadas, distorções da realidade, observações unilaterais. E o relato e o retrato estão aí: o número de denúncias de atos e manifestações antissemitas aumentou em 1 mil%, comparando-se os períodos entre 2022 e 2023. Pior, o perigo não está só no discurso de ódio. Aqui em nosso Brasil, indivíduos foram presos em razão do possível planejamento de um atentado terrorista contra instituições e contra a liderança judaica.

Equilíbrio 

O líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), que também é judeu, solidarizou-se com os familiares dos sequestrados, classificou o ato do Hamas como covarde e cruel e enfatizou que a primeira preocupação do governo federal foi buscar trazer de volta para o Brasil, com segurança, aqueles que têm cidadania brasileira e queriam deixar a região de conflito. Ele ainda acrescentou que a diplomacia brasileira tem atuado na tentativa “da paz possível” entre judeus, israelenses e palestinos. Para Wagner, qualquer ato ou grupo terrorista deve ser condenado e eliminado, mas ele alertou que o Brasil não pode dirigir uma condenação generalizada ao povo palestino.  

— Nós não podemos confundir os palestinos com o Hamas. Nós temos o hábito de generalizar. Os palestinos também querem paz. São pais e mães de família que sofrem com a perda dos seus familiares e que têm o direito de viver em paz e conviver com o Estado de Israel, pelo menos é o meu sonho. Afinal de contas, todos somos filhos de Abrão, todos temos a mesma origem. 

Participaram da sessão cinco familiares de nove reféns que estão em poder do Hamas desde 7 de outubro, além dos deputados Marcel van Hattem (Novo-RS) e General Girão (PL-RN). Também estiveram presentes os embaixadores, Vasilios Philippou (Chipre), Carlos Alberto Velástegui Calero (Equador), María del Mar Fernández-Palacios (Espanha), Ioannis Tzovas (Grécia), Miklós Tamás Halmai (Hungria), Béatrice Kirsch (Luxemburgo) e a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka. 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)