Diplomata quer aumentar intercâmbio esportivo do Brasil com a Guatemala

Da Redação | 05/09/2018, 16h10

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quarta-feira (5) a indicação da diplomata Vera Cintia Alvarez para a chefia da embaixada brasileira na Guatemala. A análise da indicação segue agora ao Plenário do Senado.

Durante a sabatina, Alvarez informou que um de seus focos de atuação será o intercâmbio esportivo com a nação centroamericana.

Numa parceria com o ex-chanceler Celso Amorim, Alvarez criou em 2007 a Coordenação-Geral de Intercâmbio e Cooperação Esportiva do Itamaraty, que atua no âmbito da Secretaria de Cooperação e Promoção Comercial.

Diretora do órgão desde sua fundação, a diplomata trabalhou no desenvolvimento da infraestrutura ligada à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016, e na assinatura de acordos de cooperação com países dos cinco continentes. Para ela, o Brasil ganha muito ao explorar seu soft power ligado ao esporte.

- Numa parceria com a Federação Paulista de Futebol, nós já recebemos treinadores guatemaltecos em diversos cursos de aperfeiçoamento. Isto é algo que eles querem: trazer jogadores e o corpo técnico para intercâmbios, assim como ter jogadores e especialistas brasileiros trabalhando por lá. Outro esporte muito efetivo na arregimentação de corações e mentes estrangeiros para o Brasil é a capoeira, principalmente entre crianças e jovens. É algo muito barato e apaixonante, com um único grupo de intercâmbio criamos uma raiz para a projeção de nossa cultura e de nossa imagem, que passa então a se desenvolver autonomamente - detalhou.

Economia guatemalteca

Vera Alvarez informou que a economia da Guatemala tem apresentado um crescimento estável nos últimos anos, entre 3,5% e 4% do Produto Interno Bruto por ano. Mas este cenário pode ser afetado pelo recrudescimento da política anti-imigratória do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Isto porque 12% do PIB da Guatemala corresponde a remessas de dólares dos mais de 3 milhões de cidadãos deste país que hoje vivem nos EUA.

- A imensa maioria destes migrantes guatemaltecos estão em situação irregular nos EUA, e quando são expulsos voltam para a Guatemala praticamente com a roupa do corpo. Caso esta política se recrudesça ainda mais, a economia pode ser abalada pela queda das remessas e pelo aumento do desemprego e da demanda por serviços sociais dentro do próprio país - informou.

Relações com o Brasil

No que tange às relações econômicas com o Brasil, Alvarez acredita que existe potencial para aumentar a exportação de produtos industrializados, que já correspondem a 95%  dos produtos enviados para a Guatemala.

O comércio bilateral foi próximo a US$ 300 milhões no ano passado - o que equivale a apenas 1,5% do comércio guatemalteco com o mundo. A diplomata também destacou que 90% deste intercâmbio corresponde a exportações brasileiras, cabendo ao Itamaraty e aos empresários brasileiros disputarem este mercado contra concorrentes, principalmente dos EUA e da China.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)