Retorno econômico do Corredor Bioceânico é unanimidade em audiência

Da Redação | 18/04/2018, 21h20

A proposta de criação de uma rota de integração latino-americana foi tema de debate na Comissão de Assuntos Econômicos nesta quarta-feira (18).  Foi unânime entre os convidados a avaliação positiva quanto aos benefícios econômicos previstos com a obra, entre eles, a facilitação da chegada dos produtos brasileiros aos portos do Oceano Pacífico e dos produtos chilenos, argentinos e paraguaios ao Norte e Nordeste brasileiros.

A rodovia, conhecida como Corredor Bioceânico, sairá de Porto Murtinho (MS) e chegará aos portos chilenos de Antofagasta e Iquique, no Pacífico, passando pelo Paraguai e pela Argentina. Para a senadora Simone Tebet (PMDB-MS), a implantação do corredor, que inclui a construção de uma ponte sobre o Rio Paraguai, abrirá uma nova rota de tráfego comercial que atrairá novos investidores, incrementando os projetos de interligação do Brasil com os países vizinhos, os portos do Oceano Pacífico e os mercados da Ásia e até do Oriente Médio.

O coordenador de Assuntos Econômicos Latino-americanos do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson, acredita que a rota vai dar competitividade às exportações argentinas, chilenas e paraguaias, permitindo que esses países vendam os produtos a um custo logístico mais barato no Norte e Nordeste brasileiro:

— O corredor abre novos segmentos do mercado brasileiro e vai dar competitividade aos produtos desses países assim como às nossas exportações.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) lembrou que a nova ligação entre o Brasil e o Chile, quando estiver pronta, vai "economizar 8 mil km", que deixarão de ser percorridos pelos produtos brasileiros para chegar ao oceano Pacífico.

— Isso é uma redução de custos muito importante, fazendo com que produtos brasileiros como milho, soja e carne cheguem mais baratos aos mercados da Ásia, principalmente a China — disse Moka.

Para o embaixador do Paraguai no Brasil, Manuel María Cáceres, é preciso que os governos assumam a responsabilidade da criação da ponte para promoverem, além de uma aproximação econômica, a integração social, cultural e tecnológica entre os países.

— A gente fala de integrar o Mercosul com a Aliança do Pacífico, mas não temos estradas, não temos vias de comunicação. Por mais vontade política que os governos demonstrem, se não provermos a infraestrutura isso vai ser muito difícil.

Orçamento

Metade dos recursos para a construção da ponte sobre o Rio Paraguai deverão vir do Orçamento Geral da União. A outra parte vem do Paraguai. Na terça-feira (17), o Plenário do Senado aprovou projeto (PDS 17/2018), de iniciatva da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, que ratifica acordo firmado entre os governos brasileiro e paraguaio, em 2016, para a realização conjunta da obra.

— Estão garantidos os R$50 milhões para a construção da ponte pelo lado do Brasil. Saber que já está licitada, quase pronta para dar a Ordem de Serviço de metade desta grande rodovia a ser pavimentada, nos deixa muito satisfeitos — disse a senadora Simonte Tebet.

O embaixador Manuel Cáceres informou que o Paraguai já licitou a construção de mais de 300 km de rodovia entre as cidades paraguaias de Capitão Carmelo Peralta e Loma Plata. Segundo ele, um consórcio binacional brasileiro-paraguaio sagrou-se vencedor e inicia as obras em breve.

Comparação

O senador Pedro Chaves (PRB-MS) ponderou que o ideal para a integração da região seria a construção da Ferrovia Transamericana, que sairá de Corumbá (MS), passará por Campo Grande (MS) e chegará igualmente aos portos do Chile. Mas simultaneamente, explicou Chaves, é necessário trabalhar com projetos mais baratos, como a rota rodoviária bioceânica.

— A ponte entre o Brasil e o Paraguai custa somente R$ 100 milhões, enquanto o projeto da ferrovia Transamericana ultrapassa os R$ 2 bilhões. E com a ponte, o trecho entre o Brasil e Paraguai já se viabiliza.

O diplomata João Carlos Parkinson afirmou que o projeto ferroviário terá maior abrangência estratégica, pois inclusive poderá passar por Buenos Aires, capital argentina. Mas enfatizou que é muito positiva a criação da rota rodoviária, com a instalação de alfândegas integradas do Brasil e do Paraguai.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)