Empréstimos ao Grupo EBX tiveram garantia de bancos privados, diz Eike

Da Redação | 29/11/2017, 17h57

O empresário Eike Batista depôs nesta quarta-feira (29) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES, que investiga supostas irregularidades em empréstimos concedidos pelo banco.

O empresário, que é dono do Grupo EBX, afirmou que os empréstimos obtidos com o BNDES foram todos cancelados e, quando obtidos, contaram com a garantia de bancos privados, de modo que não mantém nenhuma dívida com a instituição.

Eike disse ainda que lhe “causou estranheza” o fato de a presidência do BNDES “ter demorado mais de um ano para esclarecer que o grupo não tinha nenhuma dívida com eles”. O empresário disse que o Grupo EBX manteve projetos de infraestrutura e geração de energia que totalizaram R$ 120 bilhões e “que beneficiaram o Brasil como um todo”, dos quais o BNDES participou “com mais ou menos R$ 15 bilhões”. As obras estão localizadas no Maranhão, Ceará e no litoral fluminense.

- Esses projetos receberam recursos do BNDES, mas estes foram repasses do BNDES garantidos por bancos privados, o Bradesco, o Santander, garantias pessoais, ativos e recebíveis. No meu caso, em relação ao BNDES, devido à crise do grupo, foram repassados a novos sócios internacionais. Os empréstimos com o BNDES foram cancelados e, quando obtidos, contaram com a garantia de bancos privados – afirmou.

Eike depôs amparado por habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, com direito a não assinar termo de compromisso ou responder por fatos que o incriminassem. O empresário estava acompanhado dos advogados Fernando Teixeira Martins e Jaqueline da Rocha.

Petrobras

O empresário defendeu a execução de novos projetos de infraestrutura para uma “demanda fantástica para a exploração do petróleo, que virá”. E ressaltou que os problemas do Grupo EBX tiveram início com a queda no preço do petróleo. A segunda causa, afirmou, esteve relacionada à Petrobras.

- A Petrobras, do jeito que foi safenada, começou a demitir, e toda a cadeia de suprimento atrás do petróleo, que era gigantesca, literalmente acabou. Eu sempre fui um soldado do Brasil, meus recursos sempre foram investidos aqui, em projetos estruturantes– afirmou.

Em resposta ao senador Jorge Viana (PT-AC), o empresário afirmou que a execução de obras requer estudos, e que as obras executadas no porto de Açu, no litoral fluminense, “começaram do zero”.

- Não existia nada no Açu, era uma fazenda com quinze quilômetros contínuos de praia, era um pasto de área degradada que se tornou porto graças a um projeto lastreado em uma mina de ferro, que existe em Minas Gerais, e nos mega campos de petróleo que o Brasil tem – afirmou.

Na condição de empresário, Eike disse aos senadores que tem a obrigação de “primar pela tecnologia e buscar o melhor que se tem”, e reconheceu que fez uma “aposta errada no petróleo”. O empresário disse ainda que o Brasil deveria criar uma “Embraer dos mares”, como forma de dar suporte à exportação petrolífera.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)