Para convidados de audiência, Mercosul precisa de mudanças para ter mais peso

Da Redação | 04/09/2017, 20h28

Em audiência pública nesta segunda-feira (4), na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), sobre a situação do Mercosul, 26 anos depois de sua formação, os convidados destacaram a importância do bloco, mas apontaram que ainda há muita coisa a ser feita para que tenha mais peso em um mundo globalizado.

O professor Luiz Afonso dos Santos Senna, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), disse que o Mercosul pode ter um “futuro brilhante”, mas admitiu que o bloco precisa fazer o “dever de casa”. Ele pediu mais atenção dos países do Mercosul com uma visão global e com a questão da infraestrutura, em especial nos setores de energia e transporte.

Luiz Afonso citou como exemplo a malha rodoviária. Segundo o professor, apenas 12% das rodovias brasileiras são pavimentadas. Na Argentina, esse número é de 26%. Para efeito de comparação, a Índia apresenta um índice de 40%. O professor lembrou que a integração rodoviária é importante para o escoamento da produção agrícola e para a integração comercial dos países do Mercosul.

- Há ainda um grande esforço a ser feito para que o Mercosul seja considerado um importante player global. Precisamos, rapidamente, dar um salto na nossa infraestrutura – declarou.

Brasil

O vice-presidente emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), embaixador José Botafogo Gonçalves, destacou que o Mercosul é um acordo intergovernamental – inicialmente formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Ele apontou, no entanto, que as posições de Brasil e Argentina são determinantes para os rumos do bloco.

Botafogo lembrou que as primeiras regras aduaneiras do bloco foram baseadas no modelo brasileiro. Ele disse também que o Brasil conseguiu um “sucesso considerável” com o Mercosul, citando a expansão da atividade industrial brasileira, principalmente a do setor automobilístico. O embaixador pediu uma revisão dos objetivos nacionais e regionais do Brasil e apontou que há três áreas em que a integração regional deve orientar o Mercosul: agronegócio, energia e modernização de infraestrutura.

- Essa revisão pode fazer o Mercosul se tonar um caminho para o mercado global. Eu acho provável que terá de haver um novo acordo – afirmou o embaixador, que ainda pediu uma maior integração com os países do acordo da Aliança do Pacífico.

A audiência foi uma sugestão do senador Fernando Collor (PTC-AL), presidente da comissão. Ele, que dirigiu o debate, era o presidente do Brasil na época da formação do bloco, em 1991. Collor aproveitou para convocar a comissão para a próxima reunião deliberativa, marcada para o próximo dia 14, às 9h. Já no próximo dia 18, às 18h, haverá mais uma audiência pública. O tema será: Os Brics e a Ordem Internacional Contemporânea.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)