Senado celebra Campanha da Fraternidade 2017

Da Redação | 06/04/2017, 14h37

O Senado celebrou nesta quinta-feira (6), em sessão especial no Plenário, o lançamento da Campanha da Fraternidade 2017, que adotou o tema "Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida" e o lema "Cultivar e guardar a criação". Responsável pela iniciativa, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) quer este ano enfatizar a diversidade de cada bioma brasileiro e motivar relações de respeito com a vida e a cultura dos povos que neles habitam.

A cerimônia reuniu membros da Igreja Católica e de outras religiões, além de representantes do corpo diplomático, inclusive o núncio apostólico Dom Giovanni D’Aniello, que representa o Vaticano no Brasil. O requerimento para a realização da solenidade foi proposto pela senadora Regina Souza (PT-PI), que também dirigiu os trabalhos.

Temas inadiáveis

Ao abrir a sessão, Regina destacou que há 53 anos a CNBB vem promovendo a Campanha da Fraternidade, sempre no período da Quaresma. A senadora observou que a entidade, “profeticamente”, vem abordando a cada ano um assunto importante, inadiável, sobre “uma realidade que precisa ser conhecida e debatida à luz dos ensinamentos cristãos”.

Regina lembrou que o meio ambiente recebeu destaque, primeira vez, na campanha de 1979, quando o tema foi "Preserve o que é de todos", mostrando de forma pioneira que a Terra é a nossa casa comum e precisa de cuidados. E observou que a Igreja chama seus fiéis e a sociedade mais uma vez a entender e tratar com respeito a natureza.

— Durante esses dias de Quaresma, preparando-­me para a Páscoa, refleti muito sobre o tema da Campanha da Fraternidade, e a minha conclusão é a de que a palavra que precisa calar no fundo dos nossos corações é a palavra "cuidado". Precisamos cuidar da Mãe Terra com o mesmo amor filial que dedicamos às nossas mães biológicas — ressaltou.

Degradação dos biomas

Dom Marcony Vinicius Ferreira, que representou a presidência da CNBB, disse que a campanha de fato realça o termo “cuidado”, como referência ao meio ambiente, “a casa comum”. Observou ainda que a temática dos biomas nacionais ainda é pouco conhecida, e que a campanha pode motivar maior discernimento e atitudes concretas no dia a dia das pessoas.

O padre Luiz Fernando da Silva, secretário executivo das campanhas da CNBB, destacou que a ação neste ano partiu da observação de que está se enraizando nos brasileiros a preocupação com a degradação dos biomas pela desordenada exploração dos recursos, com a progressiva deterioração da qualidade de vida. Na sua visão, isso traduz formas de comportamento egoísta.

Um dos participantes da sessão foi o cientista Ivo Poletto, autor do livro Biomas do Brasil: da exploração à convivência. Em tom crítico, ele observou que as práticas humanas, especialmente nas ultimas sete décadas, estão alterando profundamente o ambiente vital que a Terra levou 4 bilhões de anos para formar. Depois alertou para os riscos gerados por esse processo, a seu ver motivado pela ideia do crescimento econômico sem limites.

— Não podemos esquecer: se alteramos ou impedimos os processos vitais dos biomas, todos os seres vivos, e principalmente nós, a frágil espécie humana, morreremos antes da hora — afirmou.

Novas gerações

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) observou que a fraternidade, termo que identifica as campanhas da CNBB, por muito tempo serviu de referência a práticas solidárias entre seres humanos de uma mesma geração. Hoje, contudo, se tornou necessário defender ainda a fraternidade intergeracional, conceito que leva em conta o cuidado com a natureza, tendo em vista a sobrevivência das novas gerações. Segundo o senador, isso exige uma revolução cultural e mudanças nos padrões de produção e de consumo.

— Onde está a raiz dessa preocupação? Está num conceito de progresso que é destruidor da natureza por uma razão muito simples: tem por propósito atender à voracidade do consumo. É essa voracidade que leva à destruição dos nossos biomas, das nossas florestas — argumentou.

Para o senador Hélio José (PMDB-DF), a CNBB adotou esse ano um tema atual e relevante, tendo em vista a necessidade de defesa dos biomas nacionais contra o uso predatório. Paulo Rocha (PT-PA) observou que tem havido alguns avanços, mas ainda falta presença do poder público na elaboração e execução de políticas de desenvolvimento sustentáveis, de modo a inibir o processo de devastação ambiental.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)