CE debate iniciativa que une governo, empresas e terceiro setor pela educação

Da Redação | 07/12/2016, 14h56

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) realizou audiência pública nesta quarta-feira (7) para debater uma iniciativa do setor privado destinada a melhorar a educação pública do país: a Aliança Brasileira pela Educação. Capitaneada pela empresa Kroton e pela Fundação Pitágoras, ambas da área de educação, o projeto pretende expandir para todo o país o que foi feito em Minas Gerais por meio da Conspiração Mineira pela Educação. A audiência foi requerida e presidida pelo senador Pedro Chaves (PSC-MS), relator da Medida Provisória 746/2016, da reforma do Ensino Médio.

Iniciada em 2006, a Conspiração Mineira pela Educação uniu diversas organizações do terceiro setor, empresas privadas e o governo para melhorar a escola pública do estado. Em 10 anos, o projeto atendeu 1.353 escolas e beneficiou mais de 1 milhão de alunos com 135 fóruns de diretores. A Conspiração Mineira se baseia em reuniões de diretores de escolas municipais e estaduais por localidade para trocarem experiência, ouvirem palestras motivacionais e conhecerem ferramentas de gestão.

Para a diretora da Kroton Educacional, Gislane Moreno, há o consenso de que a educação básica no país precisa melhorar. Ela trouxe dados do Censo de 2015, mostrando que um total de 1,6 milhão de estudantes não renovou a matrícula de 2014 para 2015. Ela disse que os principais motivos de evasão escolar são mudança, trabalho infantil, problemas de saúde e insatisfação escolar.

Aliança com os professores

— Insatisfação escolar está nas mãos da gente. Porque a gente pode contribuir para que os nossos professores sejam melhores. Ao invés de taxá-los como os culpados de o ensino estar ruim, por que a gente não faz uma aliança, por que não nos damos as nossas mãos e vamos tentar melhorar essa insatisfação escolar? É com esse objetivo que a gente criou a Aliança Brasileira pela Educação — disse Gislane.

O presidente da Fundação Pitágoras, Evandro Neiva, disse que o projeto é ousado e o comparou a fazer uma caminhada atravessando a Floresta Amazônica. Ele afirmou que, pela Conspiração Mineira, eles conseguiram avançar 30 quilômetros, dos 3 mil que a floresta têm, e que, nesse avanço, contemplaram “coisas extraordinárias”. Ele deu um exemplo da cidade de Airicanduva, no Vale do Jequitinhonha, que, depois de dois anos dentro do projeto, saiu de um Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 3,8 para 7,2.

— Então é isso que nos anima a continuar caminhando debaixo dessa floresta — disse.

Para o especialista em educação Cláudio de Moura Castro, o programa só dará certo se a escola assumir o protagonismo na solução de seus problemas, porque quem sabe do problema é quem vive o problema.

— Nós temos que criar um movimento de dentro da escola e é isso que vai mudar a educação no Brasil — afirmou.

O promotor de justiça aposentado Tomás de Aquino Rezende ressaltou a importância da atuação do estado, das associações e fundações e da iniciativa privada.

— Não há possibilidade de nenhuma solução para nenhum problema social ou ambiental, se não estiverem presentes neles os três setores. Tem que ter governo, fazendo as regras, fiscalizando, fomentando; tem que ter mercado para financiar, senão não acontece; e tem que ter as organizações, que são as pessoas que sabem e que fazem, os executores — afirmou.

A professora Helena Neiva, assessora da fundação Pitágoras, afirmou que as metas da Aliança Brasileira pela Educação são o fortalecimento da liderança dos diretores; a alfabetização das crianças na idade certa, até os oito anos de idade; a inclusão pelo esporte; e a melhoria dos indicadores de aprendizagem.

Helena explicou que os fóruns de diretores são encontros mensais, de 14h às 17h, com uma pauta dinâmica para que eles conheçam ferramentas de gestão, assistam a palestras motivacionais e troquem experiências. A professora informou ainda que a expectativa para 2017 é expandir a Aliança Brasileira em São Paulo e no Rio de Janeiro e que já estão sendo procurados por várias empresas interessadas em integrar o projeto.

O senador Cristóvam Buarque (PPS-DF) afirmou que acompanha o trabalho da Fundação Pitágoras há algum tempo e disse que o esforço da iniciativa privada é fundamental para melhorar a educação pública.

— Eu creio que não dá para prescindir da energia que há no setor privado na realização do que a gente quer a serviço do público. E vocês estão fazendo isso — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)