Comissão de Relações Exteriores sabatina indicados a Embaixadas na Áustria e na Turquia

Sergio Vieira | 24/08/2016, 16h10

A Comissão de Relações Exteriores aprovou nesta quarta-feira (24), por unanimidade, a indicação, pelo presidente interino, Michel Temer, do diplomata Eduardo Ricardo Gradilone Neto para o cargo de embaixador do Brasil na Turquia e do diplomata Ricardo Neiva Tavares para o mesmo posto na Áustria.

Durante a sabatina, Ricardo Neiva Tavares disse que a União Europeia sofre um "problema histórico" de dificuldade para divulgar às dezenas de povos que fazem parte do Bloco, as consequências positivas que o processo de integração já proporcionou e ainda pode proporcionar.

Essa situação tem feito com que o aumento do desemprego e a crise dos refugiados torne mais fortes os partidos euro-céticos, que defendem a retirada de seus respectivos países do bloco. O fenômeno tem se tornado mais forte na Áustria, onde legendas de direita pregam a realização de um referendo nos mesmos moldes do que resultou na saída do Reino Unido do bloco europeu, de acordo com o diplomata.

- O desemprego já chega a 9%, uma taxa que incomoda a eles. E esses partidos também são contra a imigração, um discurso que tem ressonância em partes do eleitorado não só lá, mas também na França e na Holanda - reforçou, lembrando que a Áustria passará por eleições no ano que vem.

O diplomata informou que o intercâmbio comercial Brasil-Áustria é "baixo, pouco mais de U$ 1 bilhão por ano", e além de buscar incrementar estes laços, vai priorizar também uma maior presença brasileira nos organismos internacionais que têm sede em Viena.

A capital da Áustria acolhe um dos escritórios da Organização das Nações Unidas (ONU), onde trabalham os executivos que tratam de drogas e crimes, do espaço exterior, e do desenvolvimento industrial, além da Academia Internacional Anti-Corrupção. A estratégia passará por tratativas no sentido de colocar brasileiros em postos de chefia nessas entidades. A Áustria também sedia diversos organismos europeus relevantes, onde Ricardo Neiva também buscará atuar caso tenha sua indicação aprovada pelo Plenário do Senado.

Turquia

Em relação à Turquia, o diplomata Eduardo Ricardo Gradilone Neto reforça que o país é o dono do segundo maior contingente militar entre os países que fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), além de abrigar também uma importante base militar norte-americana.

Gradilone Neto vê ainda a nação euro-asiática como de relevância "fundamental" para as nações ocidentais, exercendo um papel chave hoje em todas as negociações internacionais como as relativas à guerra civil na Síria, à crise dos refugiados, no combate ao Estado Islâmico e nas tensões presentes no Oriente Médio.

Porém o diplomata alerta que o frustrado golpe de estado de julho deste ano "abriu uma nova página" na história do país, e o momento atual é de incertezas. Ainda não se sabe exatamente que rumos podem tomar as relações da Turquia com países como Rússia e Israel, ao papel que ressentimentos em relação ao Ocidente podem exercer a partir de agora ou mesmo riscos de que o país  pare de colaborar na contenção do enorme fluxo de refugiados advindos da Ásia.

Em resposta a um questionamento de Cristovam Buarque (PPS-DF), Gradilone Neto avalia que a Turquia vive um "trauma pós-golpe", em que quase todos os partidos, com a exceção dos curdos, na prática vem apoiando as medidas tomadas pelo presidente Recep Erdogan de repressão ao golpe frustrado.

No que se refere às relações com o Brasil, o diplomata disse que pretende priorizar o aumento do turismo de cidadãos turcos ao nosso país.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)