Alerta de golpe enviado pelo Itamaraty gera controvérsia no Plenário

Da Redação | 23/03/2016, 14h04

Telegramas enviados por um diplomata do Ministério das Relações Exteriores a todas as embaixadas e representações do Brasil no exterior alertando para o risco de um suposto golpe político no país foram tema de intenso debate no início da sessão plenária do Senado desta quarta-feira (23).

O texto pedia que cada posto designasse um diplomata para dialogar com as organizações da sociedade civil locais sobre o assunto. A ordem acabou abortada por determinação da Secretaria-Geral do Itamaraty na própria sexta-feira, mas depois que as mensagens já haviam sido disparadas para postos diplomáticos em todo o mundo, conforme informou o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

O parlamentar anunciou a apresentação de requerimento para que o chanceler Mauro Vieira compareça à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional para dar explicações. A circular teria sido encaminhada pelo ministro Milton Rondó Filho, responsável pela área de combate à fome do Ministério das Relações Exteriores.

— A ideia era espalhar pelo mundo que há um golpe em curso aqui no Brasil e que os governos e a sociedade civil do mundo inteiro se solidarizassem com o PT. Isso parece patético, mas merece uma explicação formal por parte do Itamaraty. A democracia brasileira vai muito bem, as instituições estão funcionando, cumprindo com suas responsabilidades, inclusive o Congresso brasileiro — sustentou Ferraço.

Tasso Jereissati (PSDB-CE) anunciou a apresentação de pedido de informações a ser encaminhado ao Itamaraty sobre o departamento de Combate à Fome. O requerimento será analisado pela Mesa Diretora.

— Não sabíamos que existia, quais são as suas atribuições, quem é o seu diretor e qual é o orçamento, quais são as suas atividades. É um departamento praticamente secreto, para mim verdadeiramente absurdo, dentro do Itamaraty, que nós acabamos de descobrir a existência, e que, ao invés de combater a fome, parece-nos, está fazendo um papel de pregação ideológica — apontou.

O senador Jorge Viana (PT-AC) sustentou que o secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese, já explicou que os telegramas não correspondem à posição oficial do Ministério.

— O secretário-geral, tão logo tomou conhecimento do fato, mandou outro telegrama circular para todas a embaixadas falando que não tinha nenhuma posição oficial do Itamaraty nesse sentido — registrou.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que está um curso uma campanha internacional contra o golpe.

— O que vai começar é uma campanha em todo o mundo para denunciar esse golpe. O impeachment sem base jurídica, sem crime de responsabilidade é golpe.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)