Presidente interino da CBF depõe na CPI do Futebol, mas responde a poucas perguntas

Augusto Castro | 16/03/2016, 17h32

Durante o depoimento do presidente interino da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Antônio Carlos Nunes de Lima, à CPI do Futebol, nesta quarta-feira (16), o presidente da comissão, senador Romário (PSB-RJ), afirmou que os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e José Maria Marín são “ladrões e corruptos” e perguntou se o depoente também podia ser assim classificado. Essa foi uma das perguntas que o presidente da CBF não quis responder, amparado por habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF).

- O senhor se sente absolutamente tranquilo e bem presidindo uma entidade como a CBF, com tudo isso que a gente vê? O senhor consegue dormir tranquilo, sem problema nenhum? Para onde o senhor olha tem ladrão, para frente, para o lado, para trás, embaixo, em cima. Como é o sentimento? Queria só que o senhor pudesse me explicar quando o senhor chega em casa, ou no seu estado, ou nos aeroportos, como é que é isso? – perguntou Romário, já sabendo que o depoente se negaria a responder, o que acabou acontecendo.

Romário afirmou ainda que o presidente interino da CBF, também conhecido como Coronel Nunes, não manda em nada na entidade e estaria apenas a serviço do presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, a quem Romário também classificou de “ladrão e corrupto”.

- Na CBF o presidente sou eu, eu mando. Ninguém manda mais do que eu – garantiu Nunes, explicando que está há apenas cerca de 60 dias na presidência da entidade.

Nunes respondeu alguns questionamentos com mais detalhes, principalmente para explicar quais mudanças estão ocorrendo dentro da CBF em sua gestão. Ele explicou que a entidade está reformulando seu estatuto e criando um código e um conselho de ética. As mudanças estão a cargo de um Comitê de Reformas, que reúne grandes nomes do esporte brasileiro e de entidades esportivas. Entretanto, Nunes se recusou a responder sobre corrupção na CBF em gestões passadas.

- A gente vê que ele não tem conhecimento de nada, ele não representa o futebol brasileiro. Um sujeito desses não tem como representar o futebol – disse Romário à imprensa depois do depoimento.

Jucá adiantou que, em seu relatório final, proporá que a CBF assine um Termo de Ajustamento de Conduta, se comprometendo com práticas modernas de gestão e mais transparência na entidade, já que os projetos de lei que serão propostos poderão demorar para ser aprovados.

- Acho que é possível que já possamos pactuar uma série de procedimentos e de entendimentos que já possam  começar, de imediato, a mostrar o resultado desta CPI na prática, não só quanto à gestão, mas também quanto a regras, a termos de funcionamento do futebol, à questão da Lei do Passe, a novas implementações que estão sendo feitas no futebol em nível mundial, com o banimento de intermediários na questão de jogadores. Nós vamos propor que a CBF possa assinar um Termo de Ajustamento de Conduta, com uma série de providências de gestão, de transparência e também de funcionamento e de fortalecimento do futebol, no momento em que esta comissão discutir e aprovar o relatório – explicou Jucá.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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