Projeto Jovem Senador é esperança para mudar de vida, diz representante indígena

Da Redação | 13/11/2015, 19h21

Participar do Programa Jovem Senador pode representar uma mudança de vida. Esta é a expectativa do primeiro representante indígena do programa, Roberto Makurap Júnior, de 16 anos, que está terminando o primeiro ano do ensino médio na escola estadual Simon Bolívar, em Guajará-Mirim (RO).

Roberto chega a Brasília nesta segunda-feira (16) com os outros 26 estudantes classificados no concurso de redação a participar do projeto. O tema da redação, este ano, foi "Participação política: No parlamento, nas ruas e nas redes sociais".

— No tempo em que eu estiver em Brasília, me esforçarei para trazer o máximo de melhoramentos para a minha aldeia — declarou, em entrevista à Rádio Senado.

O Jovem Senador proporciona anualmente a estudantes do ensino médio das escolas públicas estaduais e do Distrito Federal, de até 19 anos, conhecimento acerca da estrutura e do funcionamento do Poder Legislativo no Brasil. 

Mesmo não tendo acesso à televisão nem internet, Roberto conquistou o título de Jovem Senador 2015 pelo estado de Rondônia com a redação “O despertar democrático”. O estudante destacou o apoio da professora-orientadora Carmita Flores e disse que a classificação no concurso foi uma surpresa.

— Sinto-me muito feliz por ser o primeiro representante indígena do Brasil, porque eu não esperava isso, e me sinto muito mais feliz porque tive o apoio de várias pessoas, depois que saiu o resultado” — comemorou.

Integrante do povo indígena Makurap, Roberto começou os estudos longe da família aos 12 anos de idade, quando se mudou para o distrito de Surpresa, onde terminou o ensino fundamental. Apesar de se considerar bom aluno, o jovem lamenta ter que ficar distante de seus pais e irmãos. Para estudar, ele precisa morar em um posto da Funai, pois sua aldeia fica a 32 horas de viagem de barco.

— Só vou lá [na aldeia] pelo dia 15 de dezembro, passo Natal, Ano Novo e volto — contou.

O estudante lembra que não brincou muito na infância porque começou a trabalhar cedo na roça, plantando macaxeira, milho e banana para sustento da família. Nos poucos momentos de folga, ele e os colegas participavam de brincadeiras típicas da aldeia, como a pesca e o arco e flecha.

—Todas as crianças trabalhavam e não tinham contato com sistemas de saúde. Quando alguém adoecia, utilizava remédios do mato, mesmo — disse.

Para Roberto, a situação dos indígenas no país ainda é complicada, mesmo que tenham conquistado os mesmos direitos dos brancos. O estudante pretende cursar Direito, porque considera importante conhecer o que a lei tem a oferecer. Além da questão indígena, educação e saúde deveriam ter ações priorizadas pelo governo, na opinião do jovem senador.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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