Divergências adiam designação do relator da comissão sobre participação da Petrobras no pré-sal

Da Redação | 05/08/2015, 17h33

Uma discussão acirrada entre os senadores sobre a indicação do nome do relator, nesta quarta-feira (5), marcou a instalação da comissão especial criada para analisar o projeto que acaba com a participação obrigatória da Petrobras na exploração do pré-sal (PLS 131/2015).

O presidente da comissão, Otto Alencar (PSD-BA), designou para a relatoria o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que também é o relator do PLS 131/2015, de autoria de José Serra (PSDB-SP).

Com isso, a comissão passaria a ter presidente e relator do mesmo bloco, o que foi questionado por parte dos demais integrantes presentes à reunião, por desrespeitar o princípio da proporcionalidade.

Partiu do presidente do Senado, Renan Calheiros, a indicação do senador Otto Alencar para presidir o colegiado. No entanto, segundo o senador Roberto Requião (PMDB-PR), Renan também teria concordado com a realização de uma votação para eleger o relator. Ele defendeu um acordo das bancadas para resolver a questão.

— Se nós não tivermos um acordo para eleger o presidente, o vice e o relator, nós temos que ir para a eleição —disse Requião.

Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Fátima Bezerra (PT-RN), Simone Tebet (PMDB-MS) e Telmário Mota (PDT-RR) também defenderam uma decisão da maioria. A comissão é formada por 14 titulares e 14 suplentes.

Otto Alencar afirmou que, como a comissão especial foi criada por iniciativa do presidente do Senado, não está submetida às mesmas regras aplicadas às comissões permanentes e às CPIs.

O senador Humberto Costa (PT-PE) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também questionaram a indicação do nome de Ricardo Ferraço em função da sua posição favorável como relator do PLS 131/2015.

— O parecer dele aqui na comissão vai voltar para o Plenário, onde o Ferraço já é o relator do projeto. E esta comissão foi justamente criada porque não houve consenso sobre o relatório dele em Plenárioobservou Humberto Costa.

Ricardo Ferraço reclamou de “patrulhamento” sobre a sua posição em relação ao projeto. Ele defendeu o direito do presidente da comissão de designar o relator.

— Se eu assumir a relatoria, vamos aqui fazer um debate democrático e o exercício do contraditório. O meu relatório vai ser submetido à comissão e, se for rejeitado, o presidente pode designar um novo relator — disse.

Otto Alencar lembrou que o colegiado não tem poder de decisão sobre o projeto. A comissão vai apenas apresentar um parecer que será levado ao Plenário. Em seguida, ele recomendou um acordo entre os líderes partidários e encerrou a sessão.

Projeto

O projeto de Serra acaba com a obrigatoriedade de a Petrobras atuar com participação mínima de 30% nas operações dos campos do pré-sal. Pela lei atual, a empresa também deve ser responsável pela condução e execução, direta ou indireta, de todas as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento e produção.

A criação da comissão foi requerida por Walter Pinheiro (PT-BA), em 30 de junho, mesmo dia da realização de uma sessão temática sobre o assunto. A sessão, que se estendeu por sete horas, expôs uma série de divergências de opiniões entre senadores, especialistas e autoridades.

A formação do colegiado também foi sugerida por Tasso Jereissati (PSDB-CE), após intensa discussão em Plenário no mês de julho sobre o requerimento que retirou o caráter de urgência da tramitação do projeto. A comissão tem 45 dias para realizar seu trabalho.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: