Ao comentar prisão de Marin, Romário elogia polícia e diz que 'lugar de ladrão é na cadeia'

Anderson Vieira | 27/05/2015, 15h13

O senador Romário (PSB-RJ) comentou, nesta quarta-feira (27), a prisão do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin, na Suíça. O parlamentar criticou o dirigente, chamando-o de corrupto e ladrão e parabenizou a atuação da polícia. Ele também lamentou o fato de Marin não ter sido preso no Brasil e disse ser o indicativo do "início de um grande futuro para o futebol brasileiro".

— Corruptos e ladrões que fazem mal ao futebol foram presos hoje, inclusive José Maria Marin. Ladrão tem que ir para cadeia. Parabéns ao FBI. Infelizmente não foi a gente quem prendeu — afirmou durante audiência da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

O senador também chamou de "ladrão, safado e ordinário" o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e disse que o futebol nacional está desse jeito por conta de pessoas que não estão interessadas em ajudar, mas só em dinheiro.

— Suas contas fora do país estão recheadas — disse.

José Maria Marin foi preso juntamente com outros seis dirigentes num hotel em Zurique, onde participaria de um congresso para eleger o novo comando da Fifa, órgão que comanda o futebol em todo o mundo. Eles são investigados por autoridades norte-americanas e acusados de corrupção.

Futebol feminino

A CE esteve reunida durante toda a manhã para um debate sobre a situação do futebol feminino no país. Os participantes reivindicaram mais incentivo financeiro e um calendário que ocupem o times na maior parte do ano.

Para Romário, a categoria nunca interessou à CBF porque não dá lucro e, se não há dinheiro, "eles não podem roubar". O senador só poupou Marco Aurélio Cunha, diretor de Futebol Feminino da entidade, que participou da audiência pública. O ex-jogador disse confiar no trabalho do diretor e acreditar em melhorias futuras:

— Gostaria de abrir uma exceção, dizendo que existe sim pessoas honestas e competentes CBF, e uma delas está aqui, o Marco Aurélio Cunha, cuja história já conheço. Posso dizer que passei a acreditar que o futebol feminino pode dar um salto positivo — acrescentou.

Educação

Para Marco Aurélio, o incremento do futebol feminino passa por uma série de ações que não cabe somente à CBF resolver. A primeira delas é papel das escolas, que deve incentivar o jogo misto, com meninos e meninas brincando juntos, o que já é feito em países desenvolvidos e com destaque no cenário internacional na categoria:

— Por que o menino recebe uma bola de futebol e a menina vai jogar queimada? A separação só deve ocorrer com o crescimento das crianças. Na formação básica pode-se misturar. E é assim nos países mais desenvolvidos, como Suécia, Canadá, Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Alemanha. Será que eles estão errados? — indagou.

Marco Aurélio disse que a Confederação está aberta ao debate e mostrou-se contra obrigar os clubes profissionais a manterem times femininos. Para ele, isso pode se tornar mais um motivo de preconceito, e as meninas correm o risco de serem vistas como um fardo para as instituições.

Legado

A entidade maior do futebol brasileiro foi alvo de críticas também do presidente da Associação Fifa-Cies-FGV Alumini (AFCFA), Marco Antonio Teixeira, que reclamou da postura da instituição em relação ao legado da Copa de 2014.

Segundo ele, a CBF tem planos de construir 15 centros de treinamento (CTs) nas cidades que não receberam jogos da competição, o que é um plano de caráter meramente político. Além disso, lembrou, um CT não sai por menos de R$ 9 milhões e com R$ 200 mil pode se construir ou reformar uma quadra.

— Não pode ser assim. O legado da copa é do povo, e a CBF não pode decidir sozinha o que fazer. Ainda dá tempo porque não começaram as construções. A previsão de entrega é de março de 2018, um mês após a eleição na entidade. Evidentemente é um projeto político — afirmou o representante da AFCFA, que atua nas áreas de gestão, marketing e direito esportivos.

Medida Provisória

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN), por sua vez, destacou a importância da Medida Provisória 671/2015, em tramitação no Senado, que trata da responsabilidade fiscal dos clubes brasileiros. Uma das contrapartidas exigidas para que as agremiações endividadas obtenham refinanciamento de suas dívidas é o investimento nas categorias de base e no futebol feminino, ponto que precisa ser defendido, segundo a parlamentar:

— Temos que fortalecer essa iniciativa prevista no texto da MP. Não por acaso a luta das mulheres contra o preconceito é secular e temos longa caminhada pela frente. De 81 senadores, há só 13 mulheres. E essa realidade se reflete em outras áreas, inclusive no campo esportivo — disse a parlamentar, para quem a CBF poderia fazer muito mais para promover o futebol feminino.

Já o senador Omar Aziz (PSD-AM) propôs que as escolas particulares mantenham suas equipes femininas de futebol. O senador, que foi governador do Amazonas, admitiu que não faria novamente uma arena como a construída em Manaus para receber os jogos da Copa do Mundo. Segundo ele, o empreendimento só gerou dívidas para a população.

— Fui governador e construí uma arena. Se me perguntassem se faria de novo, não faria. O custo-benefício para a população amazonense foi só endividamento. Ainda fiz dois CTs para duas seleções treinarem porque fui obrigado e estão lá hoje servindo a um futebol que está na Série D — lamentou.

Também participaram da audiência da CE a jogadora da Seleção Brasileira Débora de Oliveira, a Debinha;  a coordenadora-geral de Direitos do Trabalho das Mulheres da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), Beatriz Helena Matté Gregory; o embaixador do Reino Unido, Alexander Ellis; a secretária do Esporte e Lazer do Distrito Federal, Leila Barros; a coordenadora-geral de Futebol Profissional do Ministério do Esporte, Mariléia dos Santos, conhecida no meio esportivo como Michael Jackson; o diretor de Marketing da Caixa Econômica Federal (CEF), Gerson Bordignon, e o secretário de Futebol do Ministério do Esporte, Rogério Haman.

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Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)