Ministro das Relações Exteriores defende Mercosul e mais protagonismo do Brasil

Da Redação | 24/03/2015, 20h21

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira afirmou, nesta terça-feira (24), que quer ampliar o acesso do Brasil a todos os mercados. Convidado para falar no Senado sobre os rumos da política externa brasileira e prestar informações sobre a pasta, ele defendeu a consolidação da América do Sul como espaço de integração e os mesmos esforços na América Latina e Caribe.

Para o ministro, os acordos com os Estados Unidos, Japão e União Europeia também continuarão a ser essenciais para o desenvolvimento econômico e tecnológico.  Além disso, deverão ser reforçadas as parcerias estratégicas com a China, o grupo Brics - integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul- e países emergentes.

Em audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), por iniciativa do presidente Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o ministro rebateu as críticas de alguns senadores contra o Mercosul e apontou resultados na ordem de US$ 60 bilhões em negócios movimentados pelo bloco.

— Estamos com uma união aduaneira em construção e que reúne países com grandes assimetrias. É preciso adaptação e compromisso de cada um desses países — disse.

Na opinião de Mauro Vieira, o acordo bilateral entre a Argentina e a China não ameaça o bloco do ponto de vista tarifário, porque os acordos são principalmente declaratórios de intenção, para pesquisa espacial. Ele ressaltou que a Argentina é o principal sócio do Brasil no Mercosul com um volume de US$ 28 bilhões em exportações de produtos manufaturados. E lembrou que todos os países da região passaram a ter na China seu primeiro parceiro comercial, sem ferir o Tratado de Assunção.

ONU

Uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU continua a ser prioridade para o Brasil, que tem as credenciais para tanto, segundo a opinião do ministro. O país participa de missões de paz em várias partes do mundo e já ocupou por 12 vezes um lugar temporário no conselho.

— O avanço é lento e o Brasil enfrenta dificuldades também com outros países da região. Além disso, o Conselho também precisa ser reformado, atualizado, para se tornar expressivo e representativo do mundo atual.

Orçamento

Questionado sobre o corte no orçamento do Itamaraty, pelos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Marta Suplicy (PSB-SP) e José Agripino (DEM –RN), o ministro disse ter o apoio da presidente Dilma Rousseff para garantir a manutenção das embaixadas do Brasil, com adequação dos recursos para não deixar de cumprir os compromissos. Vieira defendeu a presença da representação diplomática brasileira no maior número possível de países e afirmou que nos últimos dez anos o fluxo de comércio bilateral aumentou em 190%

A eleição dos diplomatas brasileiros Roberto Azevêdo, para a direção da Organização Mundial do Comércio (OMC), e José Graziano, para a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) foi apontada pelo ministro como exemplo da importância da presença do Brasil no cenário internacional.

O ministro ainda prometeu enviar informações sobre o custo de cada uma das embaixadas brasileiras, a pedido do senador Tasso Jereissati.  Ele destacou também o papel das embaixadas cumulativas, nas quais o embaixador residente em um país, também representa o Brasil em outros países próximos, com redução das despesas.

Venezuela

O posicionamento do governo brasileiro em relação ao governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, foi cobrado por vários senadores que apontaram os casos de violação aos direitos humanos e à democracia.

Mauro Vieira explicou que é participante de uma comissão de chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) que tem como missão promover o diálogo entre governo e oposição na Venezuela. Ele comemorou os resultados, como o fim da violência contra manifestantes nas ruas, e informou que recebeu convite das autoridades para acompanhar de perto as eleições legislativas – cujas prévias devem se realizar em maio.

Questionado pelo senador Lasier Martins (PDT-RS) sobre a lei que permite a Maduro governar por meio de decreto, o ministro afirmou se tratar de um “instituto antigo já usado por vários presidentes na Venezuela”.

Mais Médicos

O ministro também respondeu questionamentos sobre denúncias envolvendo o Programa Mais Médicos. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) cobrou a responsabilidade do governo brasileiro sobre a entrada de supostos “espiões” com falsos diplomas de médicos para patrulhar o trabalho dos conterrâneos no Brasil e garantir que a maior parte do pagamento dos profissionais seja enviada para Raúl Castro.

Mauro Vieira explicou que ao Itamaraty coube apenas conceder os vistos permanentes necessários ao exercício da medicina no Brasil. E acrescentou que entraram no país 50 consultores da Organização Panamericana de Saúde (Opas) para acompanhar a execução do programa.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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