Randolfe: CPI do Cachoeira teve medo de investigar a Delta

Da Redação | 21/11/2012, 20h55

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) criticou, nesta quarta-feira (21), o relatório final dos trabalhos da CPI do Cachoeira, apresentado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG), e lamentou a falta de investigações dos negócios da empreiteira Delta Construções, que, de acordo com a Polícia Federal, repassou quase R$ 100 milhões a empresas de fachada ligadas ao esquema de Carlinhos Cachoeira.

- Eu quero falar do que a CPI teve medo de avançar. Teve medo de avançar sobre os negócios da empreiteira Delta. Indiciar o senhor Fernando Cavendish por lavagem de dinheiro e corrupção ativa é insuficiente – afirmou, referindo-se ao dono da empreiteira.

Para Randolfe Rodrigues, a organização criminosa ligada a Cachoeira e investigada na operação Monte Carlo, da PF, é apenas uma pequena parte de um esquema criminoso muito maior: o da empreiteira Delta.  O senador explicou que um expressivo número de empresas laranjas receberam recursos da Delta Construtura.

- É uma movimentação de pelo menos 13 empresas laranjas. Movimentaram, só do que foi diagnosticado por nós [integrantes da CPI], quase meio bilhão de reais da Delta Construções – ressaltou.

De acordo com o senador, faltou coragem à maioria dos integrantes da CPI para quebrar o sigilo dessas empresas e diagnosticar que elas financiaram campanhas eleitorais e tiveram como cúmplices agentes públicos e políticos.

Randolfe Rodrigues se disse admirado com o relatório entregue pelo deputado Odair Cunha (PT-MG), nesta quarta-feira (21) à CPI, por pedir a investigação do procurador-geral da República. Para o senador, se não fosse a iniciativa do chefe da Procuradoria Geral da República, a CPI nem teria iniciado as suas investigações.

- É uma inversão completa de valores. É trazer o investigador para o papel de investigado. É inverter os fatos. É destoar com a verdade.

Randolfe Rodrigues também se mostrou indignado do relatório não pedir investigação sobre os governos de Tocantins e do Rio de Janeiro. O senador afirmou que o governador Sérgio Cabral (PMDB) é amigo íntimo de Cavendish e destacou que a empresa Delta tem a maioria dos contratos públicos no estado do Rio de Janeiro.

- O governador do Rio de Janeiro não é citado e o procurador-geral da República é chamado para ser investigado. É uma distorção da verdade e dos fatos – ressaltou.

Simon

Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) elogiou o senador do PSOL e afirmou que o relatório envergonha o Congresso Nacional e frustra a sociedade brasileira.

- Acho que hoje foi um dos dias mais tristes do Senado Federal, porque, a rigor, colocamos no papel, assinamos, reconhecemos nossa falta de caráter, nossa falta de compromisso, de dignidade, com a sociedade brasileira – destacou Simon, destacando a ausência dos líderes partidários, com exceção de Alvaro Dias (PSDB-PR) e do próprio Randolfe.

O parlamentar gaúcho também considerou "indigno do Senado" o pedido para que o próprio Ministério Público investigue o procurador-geral da República.

- Agora, não ter coragem de fazer e vamos pedir à procuradoria para fazer aquilo que não queríamos fazer, estando na nossa mão, é piada - declarou Simon, ressaltando que o Congresso já cassou até presidente da República e senadores de prestígio, mas "não consegue fazer CPI de corruptor, de empreiteiras".

O Pedro Taques (PDT-MT) também concordou com o discurso de Randolfe.

- A sociedade esperava resultados efetivos dessa CPI. A sociedade brasileira quer saber a razão pela qual nós não investigamos 15 pessoas jurídicas fantasmas - disse Taques.

Na mesma linha, o senador Cristovam Buarque (PDT-PE) pediu um relatório paralelo.

- Dá vontade, quase, de cobrar de vocês que fizeram parte um relatório paralelo, um relatório para salvar a honra do Senado e da Câmara, para salvar a honra do Congresso.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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