Parlamentares defendem criação de um Estado Palestino

Da Redação | 04/12/2008, 14h32

Durante a sessão solene do Congresso Nacional que comemorou, nesta quinta-feira (4), o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino - estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e celebrado em 29 de novembro - parlamentares e autoridades diplomáticas presentes ao Plenário pediram unanimemente a criação de um Estado Palestino.

A sessão foi requerida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que foi o primeiro a discursar. O senador reconheceu que a instituição da Autoridade Palestina foi um passo no reconhecimento dos direitos dos palestinos, mas considerou a medida ainda insuficiente. Ele disse acreditar que os palestinos merecem mais e que o Brasil tem grande responsabilidade em se pronunciar nesse sentido, uma vez que foi um dos países que mais receberam imigrantes daquela região.

- É um desafio para a Humanidade resolver esse problema e não será resolvido sem um Estado Palestino independente. A solução para resolver a diáspora de um povo [os judeus] não pode provocar a diáspora de outro povo [os palestinos] - afirmou Cristovam.

O presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Países Árabes, deputado Nilson Mourão (PT-AC), destacou que milhares de palestinos vivem hoje uma diáspora, ou seja, estão dispersos pelo mundo, e desejam um "Estado com território contínuo, com fronteiras claras".

Mourão leu uma mensagem enviada ao Congresso Nacional pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chanceler sul-coreano Ban Ki-Moon. No texto, o secretário-geral diz que há mais de 60 anos os palestinos não podem exercer seus direitos inalienáveis e vivem com a sensação constante de insegurança. Ki-Moon pediu um acordo de paz que ponha termo à ocupação israelense, elimine o conflito na região e permita a criação de um Estado Palestino.

A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), por sua vez, ressaltou a urgência na criação de um Estado Palestino, uma vez que "o povo da Palestina vive um sofrimento muito grande desde 1948, quando Israel começou a controlar 75% do território palestino". O senador José Nery (PSOL-PA) disse acreditar que não haverá paz na Palestina enquanto "o governo de Israel, apoiado pelos Estados Unidos", mantiver ocupados territórios que historicamente pertenceram aos palestinos.

- Não haverá paz enquanto houver milhares de palestinos em prisões de Israel e enquanto não houver um Estado Palestino. A causa do povo palestino é a causa de todos os oprimidos do mundo. Vamos nos unir para construir a paz verdadeira. Viva a luta pela liberdade do povo palestino!- ressaltou da tribuna José Nery.

O senador Romeu Tuma (PTB-SP) ofereceu solidariedade ao povo palestino e lembrou ser descendente de árabes. Para Tuma, a paz naquela região só será realmente eficiente quando se reconhecer o direito do povo palestino e o Estado Palestino for incorporado à composição mundial dos países independentes.

O chefe da Delegação Especial da Palestina, embaixador Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, afirmou durante a sessão solene ter "esperança de que a Justiça prepondere na nossa terra logo e para sempre" e que os palestinos possam ter em breve seu próprio país.

- Há 61 anos vivemos uma diáspora. Quanta energia foi usada para tentar conseguir a paz e retirar Israel dos territórios palestinos? É um clamor repetido milhares de vezes em vão, mas a Justiça ainda não veio. Quanto tempo haveremos de esperar, quantos palestinos terão que cair, quantas crianças têm que morrer por falta de alimentos ou medicamentos? Está na hora de o mundo obrigar Israel a cumprir o direito internacional - disse Alzeben.

O diretor do Centro de Informações das Nações Unidas para o Brasil, Giancarlo Summa, lembrou que o povo palestino é formado por oito milhões de pessoas que hoje vivem dispersas na região, em outros países e em campos de refugiados. Summa também defendeu a criação de um Estado Palestino.

No início da sessão, foram tocados os hinos da Autoridade Palestina e Nacional brasileiro. Também estiveram presentes à sessão solene o embaixador do Departamento de Oriente Médio e Ásia Central do Ministério das Relações Exteriores, Sarkis Karmirian, e o representante do Conselho dos Embaixadores Árabes, Ramez Zaki Odeh Goussous, dos Emirados Árabes Unidos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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