Lobão defende indústria têxtil nacional contra importados

Da Redação | 08/05/2007, 18h06

O senador Edison Lobão (DEM-MA) anunciou nesta terça-feira (8) que irá requerer na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) a realização de audiência pública para análise do "risco iminente" a que está submetida a produção brasileira de têxteis e de vestuário, em razão da invasão de produtos chineses e indianos, principalmente.

- É a contribuição que, no Legislativo, podemos oferecer aos investidores brasileiros, que ainda confiam na enérgica reação do governo federal às investidas alienígenas que põem em perigo as iniciativas nacionais - explicou o senador.

Lobão espera que dos debates com autoridades, técnicos, especialistas e empresários do setor surjam soluções "para a urgente defesa de um setor que contribui decisivamente para o desenvolvimento nacional."

O senador leu trechos de um relatório produzido pela Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção, com números da entrada de produtos estrangeiros e o rol de incentivos fiscais utilizados pela China como forma de baratear ao máximo as suas exportações.

Segundo o memorial da associação, a China e a Índia detêm atualmente cerca de 25% e 5% do comércio mundial de têxteis e de vestuário, e a previsão é de que em 2011 terão alcançado os patamares de 50% e 15%, respectivamente. De 2002 a 2006, as importações brasileiras de vestuário cresceram mais de 180%.

- Nada podemos ter contra a China, Índia ou outros países que conquistam estrondosos êxitos econômicos. Lamento apenas que o nosso ritmo de trabalho e de estratégias econômicas e políticas não seja o deles - disse Lobão.

Entre os incentivos concedidos pela China e denunciados pelos Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC) estão a redução e devolução de imposto de renda, do imposto sobre o valor agregado e de outras tarifas para empresas que alcançarem certas performances de exportação; descontos sobre taxas de juros aplicadas sobre empréstimos a empresas que alcançarem certas performances de exportação; isenções de contribuições e benefícios sociais obrigatórios a empresas que alcançarem certas performances de exportação; e devoluções do imposto de renda e do imposto sobre o valor agregado para empresas que adquiram equipamentos e acessórios chineses ao invés de importados.

O senador disse que sua visão sobre a importância da indústria têxtil nacional vem da infância na cidade maranhense de Mirador, onde fábricas têxteis alcançaram o apogeu aproveitando a proximidade de grandes plantações de algodão.

- Décadas depois - relembrou o senador - só restaram os grandes casarões de antigas fábricas, abandonadas junto aos algodoais que, em certo período, exibiam na sua brancura esvoaçante uma garantia de dias promissores para a indústria têxtil do meu estado.

Para Lobão, não importa investigar o que a teria levado essas empresas à ruína, mas mostrar que num país que deseja crescer, tais "descalabros não podem acontecer".

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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