Viúva de Toninho do PT reafirma que o marido morreu por ferir interesses

Da Redação | 08/11/2005, 00h00

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos, Roseana Morais Garcia, viúva de Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT - prefeito de Campinas (SP) assassinado em setembro de 2001 - voltou a afirmar nesta terça-feira (8) que o marido foi morto por questões político-administrativas, não tendo sido vítima de crime comum, conforme reconheceu a polícia civil de São Paulo.

Para Roseana Garcia, Toninho morreu por ferir interesses de "gente graúda", incluindo os de figuras importantes na história do PT, como o ex-prefeito do município Jacó Bittar, que saiu do partido em 1990. Mas disse desconhecer qualquer esquema destinado a cobrar propina de empresários de Campinas para abastecer futuras campanhas eleitorais, inclusive a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Num depoimento emocionado, Roseana denunciou que o inquérito que apurou a morte de Toninho "foi mal conduzido" e sustentou que tudo leva a crer que Toninho foi assassinado por denunciar superfaturamento de obras e licitações públicas com "cartas marcadas". Ela citou a licitação para construção do metrô de superfície de Campinas, que jamais entrou em funcionamento, no valor de US$ 80 milhões.

-Por que não interessa a ninguém investigar a morte do Toninho do PT, bem como a do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel? - indagou Roseana Garcia, ao estranhar que a Polícia Federal, na época, ou seja, em 2001, não tenha apurado a morte do marido.

Polícia Federal

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) informou que, por solicitação do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, determinou que a Polícia Federal passasse a investigar o assassinato do prefeito. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) enalteceu a decisão do ministro e solicitou ao presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), que se congratulasse oficialmente com Márcio Thomaz Bastos. A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) observou, no entanto, que a decisão foi tardia.

Roseana Garcia estranhou que Lula, ao ser eleito presidente da República, não tenha acionado, de imediato, a Polícia Federal para apurar a morte do prefeito de Campinas, conforme havia prometido a ela.

A viúva de Toninho do PT disse achar estranho ainda que as autoridades policiais não tenham preservado o local do crime e nem o gabinete do prefeito assassinado para posteriores análises periciais. Além disso, segundo Roseana, a morte de Toninho poderia ter sido acertada no interior de um bingo com sede em Campinas, e supostamente testemunhada por um garçom que já chegou a depor na polícia usando o codinome Jack. A CPI resolveu requisitar o depoimento do garçom.

Sílvio Pereira

Nesta quarta-feira (9), a partir das 11h30, a CPI dos Bingos ouve o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira e o médico e deputado federal Jamil Murad (PCdoB-SP), que acompanhou a necropsia do corpo de Celso Daniel, prefeito de Santo André (SP), também assassinado, em janeiro de 2002.

Na quinta-feira (10), às 10h30, presta depoimento o economista Vladimir Poleto, ex-assessor do ministro Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, em 2002. Poleto foi acusado, em matéria publicadapela revista Veja, de ter transportado de Brasília para São Paulo cerca de US$ 3 milhões oriundos do governo de Cuba, que teriam sido usados na campanha eleitoral de Lula. Também presta depoimento no mesmo dia o advogado Rogério Tadeu Buratti.

(Cláudio Bernardo)

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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