Relator da CPI do Banestado tenta obstruir votação do relatório final

Da Redação | 21/12/2004, 00h00

O próprio relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Banestado, deputado José Mentor (PT-SP), tentou obstruir nesta terça-feira (21) a discussão e votação do relatório final da CPI que investigou a remessa ilegal  de dinheiro para o exterior por meio das chamadas contas CC5, que podem chegar a US$ 30 bilhões no período compreendido entre 1996 a 2002. Para parlamentares da oposição presentes à reunião, o fato foi considerado "inusitado". O presidente do colegiado, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), anunciou que irá apresentar voto em separado ao relatório original.

Mentor iniciou a tentativa de obstrução  pedindo verificação nominal de quórum. Antero acolheu a solicitação e após constatar a existência do número regimental de senadores e deputados deu prosseguimento aos trabalhos, que foi marcado por sucessivos pedidos de questão de ordem, tanto por parte de parlamentares da base do governo como da oposição, na sua maioria referentes a nomes incluídos no relatório de Mentor, lido na semana passada, e que contestaram a veracidade dos fatos denunciados num calhamaço de 1.500 páginas. Com o início da Ordem do Dia no Plenário do Senado a reunião da comissão foi suspensa.

A oposição não poupou críticas a José Mentor, sob o argumento de que ele e alguns parlamentares que dão sustentação ao governo não queriam dar curso normal ao andamento dos trabalhos, "mostrando o desejo de a CPI não chegar a lugar nenhum, principalmente quando envolve o nome de Paulo Maluf, aliado do PT em São Paulo", conforme denunciou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). Outros deputados oposicionistas classificaram o relatório de Mentor de "panfleto político" que tem por finalidade proteger nomes do primeiro escalão do governo, como o do atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. 

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) chegou a sair na defesa do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, citado no relatório de Mentor. Suplicy observou que em todas ocasiões em que conversou com ele, notou "a seriedade nos atos de  Franco". Mas admitiu que qualquer um pode errar na condução da política econômica.

Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) voltou a criticar o relatório de Mentor. Para ele, a CPI "perdeu uma excepcional oportunidade" de aprofundar na averiguação de farta documentação vinda, principalmente, do exterior, e que poderia abrir caminho para que o país soubesse os nomes dos principais responsáveis pelo envio ilegal de dólares ao exterior e como realizam a operação.

                                  

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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