Senado debate pejotização e condições de motoristas de aplicativos — Rádio Senado

Senado debate pejotização e condições de motoristas de aplicativos

O Plenário do Senado discutiu, nesta segunda-feira (29), a precarização do trabalho no Brasil. A sessão de debate temático, solicitada pelo senador Paulo Paim (PT-RS), focou na pejotização e nas condições de trabalho de motoristas e entregadores por aplicativos. O debate ganha importância no contexto do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da legalidade da pejotização.

29/09/2025, 17h22 - atualizado em 29/09/2025, 17h57
Duração de áudio: 02:58
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
A SEMANA COMEÇOU COM UM DEBATE NO PLENÁRIO DO SENADO SOBRE A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NO BRASIL. PEJOTIZAÇÃO E TRABALHO POR APLICATIVOS FORAM OS PRINCIPAIS FOCOS DAS DISCUSSÕES. REPÓRTER MARCELA DINIZ: Na sessão de debate temático sobre precarização do trabalho, um dos focos foi a pejotização, que é a contratação de uma pessoa física como "PJ", pessoa jurídica, ou MEI, microempreendedor individual. A coordenadora-geral de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, Dercylete Lisboa, afirmou que, apesar da figura do MEI ter sido criada para trazer à formalidade quem atua no mercado informal; mais da metade dos oito milhões de MEI's existentes hoje no Brasil é de trabalhadores que tinham a carteira assinada. Para a auditora, isso indica a retirada dessa força de trabalho formal para uma contratação sem direitos como férias, FGTS e 13º salário. Para ilustrar o problema, Dercylete Lisboa citou o aumento da criação de microempreendedores individuais no mês de janeiro, quando começou a reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia: (Dercylete Lisboa) "Em janeiro deste ano, quando começa a reoneração, nós temos um pico da criação de MEI's. Ou seja, é um total desvirtuamento do MEI, porque está retirando trabalhadores que estão já com a sua carteira de trabalho anotada para ir para a informalidade. É para isso que o MEI está servindo hoje." O debate, feito a pedido do senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, se dá no contexto do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, da legalidade da pejotização. O trabalho por aplicativos foi outro tema de destaque no debate. Ao citar relatório de setembro do Banco Central, o diretor-executivo do Instituto Livre Mercado, Rodrigo Marinho, disse que essa ocupação contribui para diminuir o desemprego no Brasil. (Rodrigo Marinho) "O impacto líquido é absolutamente positivo. Nós temos mais gente trabalhando, nós temos menos gente desempregada. E essa é a mensagem central do estudo do Banco Central. É uma mudança absolutamente estrutural no mercado do trabalho brasileiro, e sem dúvida veio para ficar." O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, rebateu o argumento. Diferenciou o trabalho via apps do emprego com proteção da lei; e trouxe dados sobre jornadas exaustivas e remuneração média baixa de motoristas e entregadores: (Luiz Philippe Vieira de Mello Filho) "55% trabalham sete dias por semana, em média, as pessoas trabalham 9h54min por dia. 56% trabalham 10 horas ou mais por dia. Renda bruta por veículo, carro: R$ 2.849; moto: R$ 2.755; bicicleta R$ 1.555. Três em dez entregadores abordados numa significativa amostra na cidade de São Paulo e Rio de Janeiro apresentaram algum nível de insegurança alimentar." A regulamentação do trabalho por aplicativos está em debate na Câmara dos Deputados, na forma do projeto de lei complementar número 12, de 2024. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.

Ao vivo
00:0000:00