Oposição contesta tornozeleira imposta a Bolsonaro; governista defende medidas cautelares
A oposição criticou a decretação do uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que também está proibido de manter contato com diplomatas, embaixadores e investigados pelos ataques à sede dos Poderes em janeiro de 2023. Ao solicitar ao Supremo Tribunal Federal medidas cautelares, a Procuradoria-Geral da República apontou o risco de fuga de Bolsonaro. O senador Jorge Seif (PL-SC) disse que o ex-presidente não foi condenado e se tornou alvo de "repressão do aparato judicial". Já o senador Humberto Costa (PT-PE) avalia que as declarações de Bolsonaro vinculando o tarifaço de Trump contra o Brasil ao julgamento dele numa tentativa de ingerência no STF podem reforçar o pedido de prisão.
Transcrição
ALIADOS DE BOLSONARO PEDEM SUSPENSÃO DO RECESSO PARLAMENTAR E ATACAM SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL POR MEDIDAS CAUTELARES, QUE INCLUEM TORNOZELEIRA ELETRÔNICA.
SENADOR GOVERNISTA DESTACA QUE A VINCULAÇÃO DO TARIFAÇO DE TRUMP AO JULGAMENTO DO EX-PRESIDENTE SINALIZA A TENTATIVA DE ESCAPAR DE UMA EVENTUAL CONDENAÇÃO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.
Atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República por "concreta possibilidade de fuga", o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou o uso de tornozeleira eletrônica por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ele também foi proibido de usar as redes sociais e de manter contato com embaixadores, diplomatas e outros réus e investigados na ação do 8 de janeiro.
Jair Bolsonaro negou qualquer tentativa de ir embora do Brasil e afirmou que as medidas cautelares são uma "suprema humilhação".
Ao afirmarem que o País vive um estado de exceção, os partidos de oposição criticaram o STF.
O senador Jorge Seif, do PL de Santa Catarina, declarou que o ex-presidente Bolsonaro é um perseguido político.
Não há provas inequívocas de crime, há sim uma escalada autoritária e uso de aparato judicial como instrumento de repressão política. Trata-se de um movimento perigoso que ameaça as bases do estado de direito e transforma a divergência em delito. A criminalização de opiniões, o cerceamento de liberdade de expressão e a tentativa de neutralizar lideranças por vias judiciais colocam em risco a própria democracia.
O senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, citou declarações de Bolsonaro relacionando o tarifaço de Trump que afeta o Brasil ao processo contra o ex-presidente por suposta tentativa de golpe.
Na avaliação dele, a adoção das medidas cautelares contra Bolsonaro está bem fundamentada.
A própria decisão do Supremo Tribunal Federal faz referência a outros crimes que ele vinha cometendo reiteradamente. O principal deles é atentar contra a soberania do país numa ação conjunta com seu filho solicitando de um governo estrangeiro que estabelecesse sanções contra o Brasil. Essa é sem dúvida uma demonstração de que o caminho de Bolsonaro para prisão e para condenação está cada vez mais perto.
Os partidos de oposição também defenderam a suspensão do recesso parlamentar.
Em resposta, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, declarou que não haverá atividades legislativas até o início de agosto, conforme prevê a Constituição. Da Rádio Senado, Hérica Christian.
