Mulheres do Brics cobram financiamento para negócios femininos
Mulheres representantes de bancos brasileiros participaram de um debate sobre o papel das instituições financeiras no fomento ao empreendedorismo feminino. O evento fez parte da programação da reunião de mulheres parlamentares do Brics, nesta terça-feira (3). A audiência revelou que, no caso do Brasil, apesar de existirem linhas de crédito para mulheres, há discrepâncias regionais e vieses na análise de risco que fazem com que o dinheiro nem sempre chegue na ponta.

Transcrição
NA REUNIÃO DE MULHERES PARLAMENTARES DO BRICS, NESTA TERÇA-FEIRA, HOUVE UM ENCONTRO COM REPRESENTANTES DE BANCOS NACIONAIS PARA DEBATER O FINANCIAMENTO DE EMPREENDIMENTOS FEMININOS.
APESAR DE SEREM MAIORIA ENTRE OS BENEFICIÁRIOS DE MICROCRÉDITO, AS MULHERES ENFRENTAM DESIGUALDADES REGIONAIS E PRECONCEITOS NAS AVALIAÇÕES DE RISCO. REPÓRTER MARCELA DINIZ:
Mulheres representantes de bancos brasileiros participaram de um debate sobre o papel das instituições financeiras no fomento ao empreendedorismo feminino. O evento fez parte da programação da Reunião de Mulheres Parlamentares do Brics, nesta terça-feira. A gerente operacional do Fundo Rio Doce, do BNDES, Shanna Lima, disse que as mulheres representam 60% do público do microcrédito do banco e afirmou que elas estão no grupo prioritário para financiamento de projetos:
(Shanna Lima - BNDES) "A gente tem, por exemplo, o 'BNDES Periferias', a gente prioriza o público de mulheres e jovens, tem o BNDES microcrédito, e aí é importante dizer que o BNDES é muito conhecido no Brasil no apoio aos grandes empreendimentos, mas a atuação do BNDES no apoio aos micro e pequenos empreendedores também é muito significativa, apesar de ser menos conhecido."
A gerente executiva da diretoria de empreendedorismo de micro e pequenas empresas do Banco do Brasil, Luciana Carvalho, disse que mulheres comandam 43% dos negócios financiados pela instituição. Ela defendeu a equidade de gênero como critério obrigatório a ser observado pelas instituições financeiras, inclusive pelo Banco do Brics, na concessão de crédito:
(Luciana Carvalho - Banco do Brasil) "Financiar mulheres é investir em comunidades inteiras, promover a autonomia, reduzir desigualdades e impulsionar a inovação com propósito. E é com essa visão que precisamos atuar, unindo setor público, privado e organismos multilaterais para transformar a equidade de gênero num critério obrigatório e não opcional de toda política de financiamento ao desenvolvimento."
Maira Rodrigues, representante da Agência Brasileira de Promoção de exportações e Investimentos, APEX, disse que, apesar de existirem linhas de crédito para mulheres, há discrepâncias regionais que prejudicam o Norte e o Nordeste, além de vieses na análise de risco que fazem com que o dinheiro nem sempre chegue na ponta:
(Maira Rodrigues - APEX) "Mulheres, em particular, mulheres negras e indígenas ainda encontram barreiras significativas para obter crédito, seja pela falta de garantias, pelo viés inconsciente de gênero e raça na análise de risco e pela ausência de produtos financeiros desenhados nessas suas realidades."
O debate também tratou do Novo Banco de Desenvolvimento - mais conhecido como "Banco do Brics". Parlamentares do grupo de países emergentes defendem que a instituição multilateral apoie projetos e negócios chefiados por mulheres do Sul Global. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.

