Diligência em Roraima termina sem visitação dos povos ianomâmi
No último sábado (31), a comitiva da Comissão de Direitos Humanos que fazia uma diligência em Roraima voltou para Brasília. Os planos durante os três dias de viagem eram ver a situação dos imigrantes venezuelanos e indígenas venezuelanos, além de ir até a comunidade ianomâmi entender a crise sanitária. No entanto, depois de duas tentativas, os voos da comitiva retornaram à base, sem conseguir visitar o território indígena, devido ao mau tempo na região. A comitiva seguiu para a Casa de Saúde Indígena em Boa Vista, onde encerrou a visita.

Transcrição
DILIGÊNCIA EM RORAIMA TERMINA SEM VISITAÇÃO DOS POVOS IANOMÂMI. PARLAMENTARES PROMETEM MEDIDAS PARA IMIGRANTES VENEZUELANOS E INDÍGENAS. REPÓRTER MARIA BEATRIZ GIUSTI.
A comitiva da Comissão de Direitos Humanos finalizou uma diligência em Roraima neste final de semana. Os planos durante três dias de viagem eram ver a situação dos imigrantes e indígenas venezuelanos, além de ir até a comunidade ianomami entender a crise sanitária.
No entanto, devido ao mau tempo, o grupo voltou a Brasília sem conseguir visitar a comunidade, situada na maior reserva indígena do país, com uma população estimada de 30 mil pessoas. Os ianomâmi sofrem com uma crise de saúde há mais de dois anos. Apenas em 2024, foram notificados mais de 33 mil casos de malária, sendo 44% em crianças de 0 a 9 anos.
Já ao visitar a Casa de Saúde Indígena em Boa Vista, a comitiva teve uma boa surpresa com a situação encontrada, de acordo com a presidente da comissão, senadora Damares Alves, do Republicanos do Distrito Federal. Mesmo assim, Damares acredita que será preciso definir melhor os critérios de atendimento a indígenas e imigrantes.
Há uma lacuna na legislação. O indígena que está vindo da Venezuela, ele deve ou não ser atendido pela Casay? Ele deve ou não ser atendido pela Secretaria Nacional de Saúde Indígena? Ele vai ser atendido só pelo Departamento de Imigração do Ministério da Justiça ou ele é um indígena? Nós vamos ter que respeitar as especificidades culturais também do indígena venezuelano, que também vem com a sua cultura, com o seu idioma, com suas tradições, aí a gente joga ele num pacote de imigrantes.
A senadora ainda aponta para a necessidade de diálogo e entendimento entre os órgãos governamentais, em favor dos indígenas. Para isso, Damares propôs a criação de uma subcomissão para trabalhar apenas sobre a crise ianomâmi.
No nosso encontro com o governador ontem, a gente sentiu essa necessidade de aproximar mais a FUNAI, o Ministério de Povos Indígenas, com o governo local. O atendimento indígena, ele é dividido, tem a responsabilidade do Estado, tem a do município, tem da União. Se os três entes não estiverem dialogando, quem vai ter o prejuízo na ponta é o indígena.
Damares ressalta que será entregue um relatório sobre a diligência em Roraima, a ser feito por diversas entidades que estiveram presentes, como o Ministério dos Povos Indígenas e a Funai. Sob a supervisão de Samara Sadeck, da Rádio Senado, Maria Beatriz Giusti.