O legado de Dorothy Stang na preservação da Amazônia, 20 anos após seu assassinato
O dia 12 de fevereiro marca 20 anos da morte brutal da missionária norte-americana Dorothy Stang, executada com seis tiros à queima-roupa por pistoleiros a mando de fazendeiros em Anapu, no Pará. Seu legado na defesa da Floresta Amazônica e dos direitos dos pequenos agricultores segue vivo, sendo lembrado por ambientalistas e autoridades. O senador Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado, destacou que lembrar de Dorothy é reafirmar a luta pelos direitos sociais dos mais desfavorecidos.

Transcrição
O DIA 12 DE FEVEREIRO MARCOU OS 20 ANOS DO BRUTAL ASSASSINATO DA MISSIONÁRIA NORTE-AMERICANA DOROTHY STANG.
CONHEÇA AGORA O LEGADO DO TRABALHO DA RELIGIOSA PELA PRESERVAÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA NA REPORTAGEM DE CESAR MENDES.
12 de fevereiro de 2005. Naquele sábado, o pesquisador do Greenpeace, Nilo D'Ávila, estava trabalhando no escritório da ONG em Manaus, no Amazonas, dando apoio ao grupo que estava em campo na região de Porto de Moz, no Pará, recebendo a então ministra do Meio Ambiente. Marina Silva prestigiava a criação de uma reserva extrativista na região. Nilo D'Ávila conta que de repente, todos os telefones do escritório começaram a tocar ao mesmo tempo.
(Nilo D'Ávila) ''Estranho, era sábado, eu resolvi atender e do outro lado, uma liderança lá de Anapu-PA, uma pessoa do sindicato, só a única coisa que ela falou: - mataram a irmã Dorothy! Foi um choque...''
Freira da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namur, Dorothy Stang chegou ao Brasil em 1966, ainda na ditadura militar; viveu no interior do Maranhão, do Ceará e da Paraíba até que, em 1982, se estabeleceu em Anapu, no Pará, onde passou a atuar na organização política dos trabalhadores rurais e na denúncia de crimes contra o meio ambiente. Dorothy mapeava as áreas griladas, identificava os ladrões de terra e desmatadores e levava as denúncias às autoridades. Perseguida e ameaçada, a missionária foi assassinada com seis tiros à queima-roupa por pistoleiros supostamente contratados por fazendeiros de Anapu. Para Adriana Ramos, da ONG Instituto Socio Ambiental (ISA), Dorothy Stang deixou um legado de luta incansável pelos pequenos agricultores da Amazônia.
(Adriana Ramos) ''O trabalho da Dorothy foi fundamental pra consolidar a presença e a produção dos pequenos agricultores na região de Anapu; a agricultura familiar é um eixo super importante do desenvolvimento pra região, mas infelizmente tem sofrido também muito com esses ataques e essas pressões das atividades ilegais''.
Nilo D'Ávila explica que é a própria natureza do trabalho de Dorothy que garante o seu legado, mesmo 20 anos após o seu brutal assassinato.
(Nilo D´Àvila) '' A Dorothy tinha um lado de formar né, de dar a possibilidade das lideranças adquirirem um conhecimento maior sobre a organização social. Então, você tem muitas pessoas hoje ligadas a sindicato dos trabalhadores rurais, ao Conselho Nacional dos Seringueiros, que passaram por um dos cursos promovidos aí, facilitados, pela Dorothy e pelas suas companheiras de trabalho''.
Para o líder do PT no Senado, senador Rogério Carvalho, de Sergipe, relembrar o legado de Dorothy Stang é sinônimo da luta pelos direitos sociais dos mais desfavorecidos.
(senador Rogério Carvalho) ''Irmã Dorothy e a sua memória é a representação do sofrimento e da luta daqueles que buscam garantir o direito à terra e garantir direitos fundamentais que podem gerar justiça social''.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos no último biênio, o senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, pediu o fim da violência contra as pessoas que dedicam suas vidas à defesa dos direitos humanos.
(senador Paulo Paim) "Lembrar e nunca esquecer: Há 20 anos, o mundo ficou estarrecido com a trágica morte da freira norte-americana e ativista covardemente assassinada a tiros na Amazônia. Lamentavelmente, dos cinco condenados pelo crime, apenas um ainda está preso."
Palco de frequentes conflitos fundiários, Anapu é uma das cidades mais violentas da Amazônia e ocupa o 13° lugar no ranking de mortes violentas intencionais nas cidades da Amazônia Legal, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

