8 de janeiro: governistas destacam cerimônia. Oposição questiona condenações do STF
Ao parabenizar o presidente Lula pelo ato alusivo ao 8 de janeiro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, destacou que "não há liberdade verdadeira, responsável e plena fora do regime democrático." Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que participou da cerimônia no Palácio do Planalto, reforçou a necessidade de vigilância em meio aos discursos em defesa da volta da ditadura. Randolfe Rodrigues (PT-AP), que é o líder do governo no Congresso Nacional, citou a coincidência do prêmio de melhor atriz para Fernanda Torres pela atuação no filme "Ainda estamos aqui", que retrata o desaparecimento de Rubens Paiva na ditadura militar. Ao criticarem a atuação do Supremo Tribunal Federal nos julgamentos do 8 de janeiro, os senadores Jaime Bagattoli (PL-RO), Eduardo Girão (Novo-CE) e Rogério Marinho (PL-RN) questionaram as penas de mais de 15 anos de manifestantes "inocentes", que foram presos dentro das sedes dos Três Poderes por, supostamente, tentarem se proteger das bombas usadas pela polícia.

Transcrição
SENADORES GOVERNISTAS DECLARAM QUE OS ATOS DO 8 DE JANEIRO NÃO PODEM SER ESQUECIDOS.
OPOSIÇÃO QUESTIONA ATUAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DOS ENVOLVIDOS NOS ATAQUES AOS PRÉDIOS PÚBLICOS. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.
Por ocasião dos dois anos do oito de janeiro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, declarou que, após os "ataques criminosos contra os prédios dos Três Poderes e a democracia, o país reafirma os preceitos fundamentais da sociedade, como as liberdades. E destacou que não há liberdade verdadeira, responsável e plena fora do regime democrático". Rodrigo Pacheco declarou que todas as cerimônias que lembram a data "reforçam a vígilia em defesa do regime que ele considera ser o mais justo e equânime na representatividade popular e social." O líder do governo no Senado, Jaques Wagner do PT da Bahia, que participou de uma cerimônia no Palácio do Planalto, reforçou a necessidade de vigilância em meio aos discursos em defesa da volta da ditadura.
Eu acho que as falas foram todas muito importantes, a do presidente da República, dos outros oradores, exatamente para dizer que a democracia é uma questão de vigilância. Não podemos descuidar porque tem sempre gente disposta a romper aquilo que há de mais sagrado na convivência das pessoas, que é a democracia
O senador Jaime Bagattoli, do PL de Rondônia, se disse indignado com as prisões de pessoas, que, segundo ele, não participaram dos atos de destruição das sedes dos Três Poderes. Ele citou a morte de Clériston da Cunha, de 46 anos, que aguardava julgamento no presídio de Brasília.
Hoje está completando 2 anos dos atos aos Três Poderes que aconteceu lá em Brasília e tem centenas de pessoas que foram presas inocentes. Quem fez algum ato de quebradeira, que causaram prejuízo, essas pessoas realmente têm que pagar pelos seus atos. Mas essas pessoas não têm o direito de ser condenadas a 14, a 15 a 16,17 anos de prisão.
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues, do PT do Amapá, reforçou que esses atos não podem ser esquecidos para não serem repetidos. Ele citou a coincidência de a atriz Fernanda Torres ter vencido o prêmio Globo de Ouro de melhor atriz de drama pelo fime "ainda estou aqui", que retrata o desaparecimento do deputado cassado Rubens Paiva na ditadura militar.
Ao mesmo tempo que Fernanda Torres leva o cinema brasileiro para os palcos internacionais relembrando o que ocorreu aqui em um regime autoritário em um estado de exceção, esta coincidência reafirma porque a democracia tem que ser a cada dia e a cada instante defendida.
Ao afirmar que não houve razoabilidade por parte do Supremo Tribunal Federal na condução dos julgamentos, o senador Eduardo Girão, do Novo do Ceará, questionou as condenações de pessoas, que, segundo ele, entraram nas sedes dos Três Poderes para se protegerem das bombas atiradas pela polícia.
Elas estão sem acesso aos autos, seus advogados, não tiveram ampla defesa e o contraditório. As imagens numa CPMI não foram disponibilizadas e quem quebrou me parece que se evadiu. E a gente vê pessoas que estavam com batom na mão, que estavam com a Bíblia, com a bandeira do Brasil, sem nenhuma arma, sendo aí responsabilizadas por 15, 17 anos, totalmente desproporcional.
O senador Otto Alencar, do PSD da Bahia, lembrou que os envolvidos nos atos do 8 de janeiro foram estimulados por políticos que não aceitavam a eleição do presidente Lula. E destacou que a democracia está fortalecida.
O exemplo do presidente Lula nesse discurso foi importante para mostrar a defesa intransigente do Estado Democrático de Direito, da democracia, a vigilância permanente para não permitir atos que destruíram o patrimônio público, agiram contra as instituições democráticas, tentando um golpe que era uma situação que a democracia brasileira já bem firme, sustentada não permite mais.
Por meio de nota, o líder da oposição, senador Rogério Marinho, do PL do Rio Grande do Norte, declarou que é "hora de defender a liberdade, exigir igualdade perante a lei e resistir aos excessos de quem deveria proteger a democracia", numa referência aos julgamentos do Supremo Tribunal Federal. E afirmou ainda que "o Brasil necessita de pacificação e da restauração da liberdade democrática, o que, segundo ele, só será possível com uma justiça isenta e igual para todos". Da Rádio Senado, Hérica Christian.

