Eleições municipais: representação feminina ainda está longe da equidade
Apenas oito candidatas avançaram para o segundo nas capitais brasileiras e Campo Grande (MS) é a única com disputa exclusivamente feminina. Segundo o TSE, 724 mulheres foram eleitas prefeitas (15,5% do total) e 1.232, vereadoras (18% do total). Roraima foi o estado com mais prefeituras conquistadas por mulheres, enquanto o Espírito Santo ficou na última colocação. A cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart, comentou o cenário de avanço lento da representação feminina na política.

Transcrição
APESAR DE MAIS MULHERES TEREM SIDO ELEITAS PREFEITAS E VEREADORAS, A REPRESENTAÇÃO FEMININA AINDA ESTÁ LONGE DA EQUIDADE NO EXECUTIVO E NO LEGISLATIVO LOCAIS.
APENAS OITO CANDIDATAS DISPUTAM O SEGUNDO TURNO NAS CAPITAIS BRASILEIRAS. REPÓRTER JÚLIA LOPES:
Das 26 capitais que foram às urnas para escolher seus representantes, nenhuma elegeu uma mulher no primeiro turno e apenas oito candidatas avançaram para o segundo. Campo Grande é a única capital com segundo turno exclusivamente feminino.
Mesmo assim, o número de prefeitas cresceu em relação à última eleição. Segundo o TSE, foram setecentas e vinte e quatro mulheres eleitas no domingo, 73 a mais do que em 2020, quando foram eleitas seiscentas e cinquenta e uma prefeitas.
Mesmo com esse aumento, as mulheres conquistaram apenas 15,5% do total de prefeituras. Homens são, portanto, 84,5% dos eleitos.
No Legislativo, foram eleitas mil duzentas e trinta e duas vereadoras - 18% do total; um aumento em comparação com 2020, quando elas eram 16,13% dos eleitos.
A cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mayra Goulart, comenta o cenário que avança, mas de forma mais lenta do que a esperada:
(Mayra Goulart - UFRJ) "Tem sido muito lento o aumento da representação de mulheres no Brasil a despeito dos esforços relevantes que têm sido feitos no plano Legislativo na aprovação de legislações para estimular a candidatura de mulheres, quer garantindo 30% ao mínimo na nominata de candidatos; quer garantindo repasses proporcionais configura uma relação patriarcal uma hegemonia patriarcal nas casas legislativas."
Mayra Goulart observa que a situaçao é ainda mais difícil para as mulheres negras:
(Mayra Goulart - UFRJ) "Todas as vezes que essas Casas veem a presença de mulheres e, principalmente, mulheres negras que estão ainda mais distantes do patriarcado, há uma reação desse próprio patriarcado que se expressa sobre a forma de violência política de gênero."
Roraima foi o estado que mais aumentou a representação feminina nos Executivos locais. Das 15 prefeituras em jogo, quatro foram conquistadas por mulheres, o que representa 26,67% do total. Já o Espírito Santo teve o menor número de eleitas: apenas duas prefeitas em 76 cidades com resultado já definido. Isso corresponde a 2,63% do total. Sob a supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, Júlia Lopes.