Líder do governo no Congresso pede aprofundamento de investigações sobre Abin paralela — Rádio Senado
Posicionamento

Líder do governo no Congresso pede aprofundamento de investigações sobre Abin paralela

O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (AP), defendeu que a Polícia Federal aprofunde as investigações sobre um suposto uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar opositores e até aliados, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o relatório da Polícia Federal, o grupo da Abin agia em sintonia com o chamado "gabinete do ódio" para produzir e disseminar, nas redes sociais, informações falsas dos monitorados.

12/07/2024, 15h04 - ATUALIZADO EM 12/07/2024, 17h15
Duração de áudio: 03:49
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Transcrição
O PRESIDENTE DO SENADO, RODRIGO PACHECO, CLASSIFICOU COMO "ATO CRIMINOSO" A ESPIONAGEM DE PARLAMENTARES POR MEIO DA CHAMADA "ABIN PARALELA". O LÍDER DO GOVERNO NO CONGRESSO, SENADOR RANDOLFE RODRIGUES, DEFENDEU APROFUNDAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES DO APARATO MONTADO DURANTE A GESTÃO DO EX-PRESIDENTE JAIR BOLSONARO CONTRA OPOSITORES. JÁ O SENADOR FLÁVIO BOLSONARO NEGOU QUE TENHA SIDO FAVORECIDO PELA ATUAÇÃO DA ABIN. REPÓRTER ALEXANDRE CAMPOS: O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, defendeu que a Polícia Federal aprofunde a investigação de um suposto uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência para monitorar e produzir dossiês contra opositores e até mesmo aliados, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o relatório da Polícia Federal tornado público pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, havia uma atuação conjunta do grupo que agia na Abin e do chamado "gabinete do ódio", que resultava na produção e disseminação, pelas redes sociais, de conteúdo falso, numa tentativa de manchar a reputação dos espionados. Entre os envolvidos, está o atual deputado federal Delegado Ramagem, do PL do Rio de Janeiro, que chefiava a agência no governo Bolsonaro. Em entrevista coletiva, Randolfe Rodrigues disse acreditar que essa conexão confirma a tese de que o aparato do Estado brasileiro foi usado para intimidar a oposição, numa tentativa de manter o grupo de Bolsonaro no poder e romper, definitivamente, com o regime democrático. Além de espionar Randolfe e os senadores Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, e Omar Aziz, do PSD do Amazonas, que estiveram à frente da CPI da Pandemia, o grupo investigado também agiu para montar dossiês contra integrantes do STF, governadores e outros parlamentares. (sen. Randolfe Rodrigues) "Enquanto brasileiros morriam, o governo anterior, ao invés de se preocupar em comprar vacinas, se preocupava em perseguir e monitorar os adversários políticos do regime." Apesar de a estrutura da Abin ser usada para fins ilícitos, Randolfe Rodrigues afirmou que a agência merece respeito e deve continuar no desempenho de sua função de fornecer informações ao governo em relação a temas relacionados à segurança nacional e do estado democrático de direito. (sen. Randolfe Rodrigues) "Talvez tenha-se que se refletir, quem sabe, sobre um controle maior por parte das instituições de controle, o legislativo, o judicário, o Ministério Público, sobre a sua atuação, para que não aconteça o desvio de finalidade da Abin." Ainda de acordo com a Polícia Federal, a Abin atuou para favorecer pessoas próximas do ex-presidente Jair Bolsonaro, como no suposto caso do monitoramento de auditores da Receita Federal responsáveis pelo relatório de inteligência fiscal que embasou o início de investigação para apurar o desvio de parte de salário de funcionários que trabalhavam para o então deputado estadual Flávio Bolsonaro, que hoje é senador pelo PL do Rio de Janeiro. Em vídeo publicado numa rede social, Flávio Bolsonaro afirmou que, na verdade, foi vítima dos servidores da Receita, que acessaram seu dados sigilosos indevidamente, fato reconhecido pela própria Justiça, segundo ele. (sen. Flávio Bolsonaro) "Isso tudo não tem absolutamente nada a ver com a minha defesa jurídica à época, que dizia respeito a questões processuais, nada de mérito, e que foram reconhecidas pela justiça e o processo acabou. Portanto, nada a ver com a qualquer coisa da Abin." Em nota oficial, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, classificou como criminoso utilizar o aparato estatal para espionar e perseguir parlamentares legitimamente eleitos. Na opinião dele, essa prática fragiliza não somente a Abin, mas a democracia e a soberania do país. Durante um congresso sobre jornalismo investigativo, nesta sexta-feira, em São Paulo, Pacheco também defendeu a apuração dos fatos e cobrou a punição de quem efetivamente estiver envolvido na espionagem: (sen. Rodrigo Pacheco) "É inaceitável que alguém se valha da sua função, de uma função pública, que pressupõe confiança, que pressupõe lealdade, que trata de informações sensíveis, pra poder fazer algum tipo de destinação política e de perseguição de pessoas." Ao ser questionado se nesse caso da Abin houve falha da Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso Nacional, cuja atribuição é fiscalizar e fazer o controle externo das atividades de inteligência, Rodrigo Pacheco afirmou que, pela natureza clandestina e marginal dos atos praticados pelos agentes envolvidos, nada poderia ser feito pelo órgão. Da Rádio Senado, Alexandre Campos.

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