Quadro de colaboradores do Senado conta, pela primeira vez, com mulheres trans — Rádio Senado
Diversidade

Quadro de colaboradores do Senado conta, pela primeira vez, com mulheres trans

Pela primeira vez em sua história, o Senado conta com duas mulheres trans entre seus colaboradores. Elas estão no serviço de copa e, apesar de serem vagas temporárias, a ocupação desses espaços é visto por elas como um avanço, já que a realidade é de dificuldades que começam na escola e continuam na vida adulta. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), apenas 4% das pessoas trans e travestis conseguem uma vaga de emprego formal no Brasil.

02/07/2024, 16h55 - ATUALIZADO EM 02/07/2024, 18h14
Duração de áudio: 02:58
Foto: Rodrigo Viana/Relações Públicas - Senado Federal

Transcrição
O QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DO SENADO CONTA, PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA DA CASA, COM DUAS MULHERES TRANS. A REPÓRTER JÚLIA LOPES CONVERSOU COM ELAS E TAMBÉM COM O RESPONSÁVEL PELA SELEÇÃO SOBRE ESSE GESTO CONCRETO DE INCLUSÃO NO MUNDO DO TRABALHO FORMAL: O combate à discriminação e a proteção aos direitos LGBTQIA+ estão presentes em muitos dos projetos analisados e votados pelos senadores e, também, em decisões internas do Senado Federal que são importantes na busca por uma administração pública livre de preconceitos e enriquecida pela diversidade. Andy Amazonas e Scarlety Pereira estão no serviço de copa em vagas temporárias, mas as duas já fizeram história: são as primeiras mulheres trans a trabalhar no Senado. Para Scarlety Pereira, a ocupação desse espaço é importante porque abre caminhos a quem enfrenta dificuldades a vida toda: (Scarlety Pereira) :"Mais apoio às cotas de emprego, que é uma maneira eficaz de combater a discriminação e promove a diversidade no local de trabalho. Então, que tenham mais Scarlet, mais Indies, mais Maria Luisa dentro do Senado, não só em uma cobertura de férias, mas com um trabalho mais extenso, uma garantia. Somos tirada da escola, não temos a oportunidade de trabalhar, de estudar. Às vezes, tiram até o nosso direito de viver. Brasil é o país que mais mata mulheres e homens trans no mundo. Então, estar aqui ocupando esse lugar, mesmo que seja temporário, nos dá uma esperança de que algo novo venha e de que várias oportunidades serão direcionadas a todas nós, a comunidade trans." Andy Amazonas espera que as vagas afirmativas se multipliquem e mudem a atual realidade da falta de oportunidades: (Andy Amazonas) : "Eu me sinto super feliz e acredito que é essencial abrir portas e dar oportunidades para nós pessoas trans. Porém, é um começo, né? Precisamos de muito mais para mudar as atuais circunstâncias." Lauro Brayer, responsável pelas contratações da Scarlety e da Andy, conta que, em 2023, já havia contratado um homem trans para o cargo de copeiro e hoje ele está efetivado. Para a seleção, Brayer buscou os currículos no banco de talentos da Diretoria Geral do Senado. A iniciativa foi bem recebida na Casa: (Lauro Brayer) "O Senado abraçou, gostou da ideia e elas estão aí conosco trabalhando, trabalhando super bem, felizes, passa essa mensagem, assim, para as outras pessoas trans também que é possível, que o mercado de trabalho está mudando, está tendo devolução, a gente está entendendo que essas barreiras do preconceito precisam cair." Apenas 4% das pessoas trans e travestis possuem emprego formal no Brasil, de acordo com a Antra, Associação Nacional que as representa. Algumas iniciativas buscam aumentar a inserção desses brasileiros e brasileiras no mercado. Uma delas é a plataforma Transempregos que, em 2023, apesar de ter aumentado em 6% o número de empresas parceiras, registrou queda de 57% no número de oportunidades oferecidas, em comparação com 2022. No entanto, o portal conseguiu passar de 707 pessoas empregadas no primeiro ano, de 2020; para mil, cento e treze, em 2022. Em 2023, foram mil e quarenta contratações, a maioria no estado de São Paulo. Sob a supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, Júlia Lopes. 

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