Depoente da CPI da Braskem acusa empresa de negligência e imprudência — Rádio Senado
CPI da Braskem

Depoente da CPI da Braskem acusa empresa de negligência e imprudência

O servidor aposentado da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, Thales Sampaio, declarou que a petroquímica foi negligente e imprudente na exploração de sal-gema em Maceió. Disse que a empresa tentou negar responsabilidades apesar dos laudos comprovando que não havia problema de solo, de inundação, de dissolução de rochas e de falhas e fraturas nos bairros atingidos. O geológo explicou que a retirada de 750 mil caminhões de sal-gema provocaram as rachaduras. O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) avalia que a Braskem sabia dos riscos da "exploração predatória" feita em Maceió e reiterou que a CPI vai buscar as provas dessa autoria.

06/03/2024, 15h05 - ATUALIZADO EM 06/03/2024, 15h05
Duração de áudio: 03:07
Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
SERVIDOR APOSENTADO COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS DIZ QUE BRASKEM FOI NEGLIGENTE E IMPRUDENTE NA EXPLORAÇÃO DE SAL-GEMA EM MACEIÓ. POR CONTA DE COMPROMISSOS DE TRABALHO, DIRETOR DA AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO ADIOU O DEPOIMENTO E DEVERÁ SER OUVIDO NOS PRÓXIMOS DIAS. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Em depoimento à CPI da Braskem, o servidor aposentado da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, hoje Serviço Geológico do Brasil, Thales Sampaio, revelou que a petroquímica não tinha técnicos o suficiente e equipamentos necessários para fazer o monitoramento das minas de sal-gema em Maceió. Disse que no surgimento das primeiras rachaduras no bairro de Pinheiros, a Braskem negou qualquer responsabilidade alegando que eram problemas de solo ou da estrutura dos imóveis. Thales Sampaio relatou momentos de dificuldade com a empresa a partir de 2018 quando os técnicos da CPRM, que se transformou no Serviço Geológico do Brasil, começaram a fazer os estudos que apontam para as responsabilidades da petroquímica no afundamento de solo. Thales Sampaio revelou pressão para não acusar a Braskem, que, de acordo com ele, tinha dados já em 2004 sobre a fragilidade da localidade das minas exploradas. O geológo reforçou as conclusões de outros especialistas de que a empresa desrespeitou o limite de exploração, o distanciamento entre as jazidas e ignorou os riscos da atividade em áreas urbanas. Thales Sampaio destacou que a Braskem atuou para não ser responsabilizada pela tragédia mesmo diante de laudos que mostraram que não havia problema de solo, de inundação, de dissolução de rochas e de falhas e fraturas.  Fragilidade geotécnica no bairro não existe! E nós fizemos 18 sondagens geotécnicas acompanhadas por técnicos do Serviço Geológico do Brasil e fizemos vários ensaios de laboratório e mostramos categoricamente que não há fragilidade geotécnica no bairro. Problema da hidrogeologia, pode ser por rebaixamento do lençol de água subterrânea, numa linguagem compreensível, rebaixamento do aquífero? Não havia nenhum problema. O bairro do Pinheiro tem aquíferos maravilhosos. Não foi isso que causou a subsidência do bairro.  Ainda no depoimento, Thales Sampaio afirmou que foram extraídos cerca de 750 mil caminhões de sal-gema, o que equivale a três vezes o tamanho do estádio do Maracanã. E em resposta aos senadores, declarou que a Braskem foi negligente e imprudente. Para Rodrigo Cunha, do Podemos de Alagoas, a empresa tinha conhecimento dos riscos.  Isso tem que ser identificado, se foi imprudência, foi negligência, se agiu de má-fé e quando isso acontece, desde quando sabiam? Será que com os poços que foram perfurados e com aquilo que foi retirado não dava para ter a certeza de que estava ultrapassando o limite da segurança? Então, esse aspecto aqui ficou mais do que configurado que sim, teve uma busca predatória pelo lucro.  Também estava previsto para esta quarta-feira o depoimento do diretor da Agência Nacional de Mineração, Mauro Henrique Moreira Sousa, que não pode comparecer devido a uma viagem internacional a trabalho. Ele deverá ser ouvido pelos senadores da CPI da Braskem nos próximos dias. Da Rádio Senado, Hérica Christian. 

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