Senado lança Pesquisa Estadual de Violência contra a Mulher
A Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher (CMCVM) realizou uma audiência pública nesta quarta-feira (28) para discutir a 10ª edição da Pesquisa Nacional da Violência contra a Mulher e lançar a Pesquisa Estadual de Violência contra a Mulher, com dados referentes à violência de gênero nos estados brasileiros. Os participantes destacaram que, pela primeira vez, são apresentados dados do cenário de violência de gênero por unidade da Federação.
Transcrição
UMA AUDIÊNCIA PÚBLICA MARCOU O LANÇAMENTO DA PESQUISA ESTADUAL DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.
OS PARTICIPANTES DESTACARAM QUE, PELA PRIMEIRA VEZ, SÃO APRESENTADOS DADOS DO CENÁRIO DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO. REPÓRTER BIANCA MINGOTE.
A Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher realizou uma audiência pública para discutir a 10ª edição da Pesquisa Nacional da Violência contra a Mulher, criada em 2005 para subsidiar a Lei Maria da Penha e elaborada pelo Instituto DataSenado. Em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, o Instituto Avon e a Organização Social Gênero e Número, o estudo foi concluído em novembro do ano passado com o lançamento do Mapa Nacional da Violência de Gênero. Inclusive, o mapa aponta que três a cada dez brasileiras já sofreram violência doméstica provocada por um homem.
Agora, foi lançada no Senado a Pesquisa Estadual de Violência Contra a Mulher. Pela primeira vez, a pesquisa apresenta resultados por unidade da federação sobre o cenário de violência de gênero no país. Os dados estaduais apontam que o índice de violência doméstica no Ceará é equivalente ao índice nacional. A pesquisa aponta que 29% das cearenses já sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar provocada por homem. Já o estado do Amazonas lidera o ranking com 38% das mulheres que afirmaram ter sido vítimas de violência familiar. A chefe do Serviço de Pesquisa e Análise do Instituto de Pesquisa DataSenado, Isabela Campos, destacou a importância do mapa ao destrinchar a realidade de violência vivenciada pelas brasileiras:
Eu queria, mais uma vez, reforçar sobre a conquista que é conseguir esses dados por Estado. Investigamos, entrevistamos 21.787 mulheres, a maior pesquisa que a gente já realizou até o momento. E num país de tamanhos continentais como o Brasil, conhecer a realidade das brasileiras que vivem em diferentes estados é para a gente um divisor de águas e a gente se coloca à disposição para fazer outros trabalhos como esse, que são tão importantes para o debate no parlamento.
O Mapa Nacional da Violência de Gênero é interativo e reúne dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, do Conselho Nacional de Justiça, do Sistema Nacional de Saúde e do DataSenado. O coordenador do órgão, Marcos Ruben de Oliveira, destacou o dado inédito de Subnotificação Policial, o qual aponta que, de cada 10 brasileiras que sofreram violência doméstica e familiar, 6 não denunciaram o caso. Para ele, a pesquisa do DataSenado colabora para fornecer dados inéditos sobre a violência contar a mulher no Brasil.
Atualmente, a Pesquisa Nacional supra a necessidade de complementar os dados e estatísticas oficiais que existem sobre a questão da violência contra a mulher. Por exemplo, as estatísticas oficiais muitas vezes subestimam a quantidade de ocorrência de violência contra as mulheres, pois há um grave problema de subnotificação. A Pesquisa Nacional busca preencher essa lacuna, estimar a subnotificação e outras, fornecendo assim, informações, dados inéditos que não estão disponíveis pelos meios, por outros meios, a não ser por meio dessa pesquisa.
A procuradora Especial da Mulher no Senado, senadora Zenaide Maia, do PSD do Rio Grande do Norte, ressaltou que a pesquisa, assim como o mapa, cumprem o papel de dar visibilidade sobre a triste realidade de milhares de brasileiras, o que pode subsidiar a criação de políticas públicas de combate à violência contra as mulheres.
A união dessas informações que dá essa transversalidade, dá muita fidedignidade a essa pesquisa. Então, informação é tão poder, que eu gosto de dizer aqui o seguinte, não adianta a gente ter mapa de violência de gênero ou aprovar qualquer projeto de lei, não darmos visibilidade à população desses seus direitos. E é esse o objetivo que cumpre o Mapa Nacional de Violência de Gênero, uma ferramenta disponível ao público, interativa e amigável.
Também participaram da audiência pública a coordenadora do Observatório da Mulher Contra a Violência, Maria Teresa Prado, e a coordenadora do Instituto Avon, Beatriz Accioly. A Pesquisa Estadual de Violência contra a Mulher pode ser acessada em www.senado.leg.br na aba Observatório da Mulher. Sob a supervisão de Pedro Pincer, da Rádio Senado, Bianca Mingote.