Zagallo morre aos 92 anos no Rio Janeiro
Mário Jorge Lobo Zagallo é o único tetracampeão mundial de futebol: duas vezes como jogador, em 1958 e 1962, e duas na comissão técnica, em 1970 e 1994. Zagallo recebeu homenagens do Senado, como em 2008, por ocasião dos 50 anos do primeiro título mundial da Seleção Brasileira, em 1958, na Suécia.
Transcrição
ZAGALLO MORRE AOS 92 ANOS NO RIO DE JANEIRO.
ÚNICO TETRACAMPEÃO MUNDIAL DE FUTEBOL, ELE RECEBEU HOMENAGENS NO SENADO, COMO EM 2008, POR OCASIÃO DO PRIMEIRO TÍTULO DA SELEÇÃO BRASILEIRA, EM 1958, NA SUÉCIA. A REPORTAGEM É DE ADRIANO FARIA:
O Velho Lobo está agora definitivamente com os dois pés no gramado da História. Nascido em 1931 em Maceió, Mário Jorge Lobo Zagallo foi para o Rio de Janeiro quando tinha um ano de idade. Ele morreu aos 92 anos, no Rio, e deixa como legado uma vida dedicada ao futebol, em especial à Seleção Brasileira. É o único tetracampeão mundial: duas vezes como jogador, em 1958 e 1962, uma vez como treinador, em 1970, e outra como coordenador técnico, em 1994. Também como treinador, foi vice-campeão mundial em 1998 e medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 1996. A carreira vitoriosa rendeu a Zagallo, em 1992, a Ordem do Mérito da Fifa, a maior honraria da entidade que comanda o futebol mundial. O brasileiro, por sinal, foi o primeiro a receber a medalha. Zagallo também recebeu homenagens do Senado, como em 2008, por ocasião dos 50 anos do primeiro título mundial da Seleção Brasileira, em 58, na Suécia. Na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, ele falou sobre a admiração que os suecos tinham pelo futebol brasileiro. Mesmo sendo adversários do Brasil na final, os donos da casa fizeram questão de dar as condições para a Seleção apresentar o melhor futebol em campo:
Eles sabiam que o futebol brasileiro não gostava de jogar com chuva, campo enlameado. Eles botaram uma lona impermeável e no dia do jogo a a bola rolou com toda a facilidade, sem problemas.
Como treinador, o grande feito de Zagallo foi montar o timaço que encantou o mundo nos gramados do México em 1970, quando a Seleção Brasileira conquistou o tricampeonato e a posse definitiva da Taça Jules Rimet. Zagallo conseguiu botar no mesmo time craques como Pelé, Gerson, Tostão, Rivellino, Clodoaldo e Jairzinho. Pelé e Tostão, por exemplo, jogavam na mesma posição em seus times, mas, com o técnico Zagallo no banco, os dois brilharam com a Amarelinha no México. O último cargo na Seleção Brasileira foi na Copa de 2006, na Alemanha, como auxiliar técnico de Carlos Alberto Parreira. Dois anos depois, em 2008, ao ser homenageado no Senado, Zagallo teve que enfrentar a marcação cerrada da imprensa, que queria saber a opinião dele sobre a Seleção treinada pelo então técnico Dunga. Zagallo deu um drible nos repórteres ao comentar o que achou do empate sem gols do time de Dunga, dias antes, contra a Argentina no Mineirão:
[Repórter] Se o senhor estivesse lá, o senhor aplaudia? [Zagallo] O senhor não me pega, não! Aplaudir... [risos]
Superticioso, Zagallo adotou o 13 como seu número da sorte. Daí vieram sacadas que incentivavam os seus jogadores e faziam a alegria da torcida: "Roberto Baggio tem 13 letras", secou o Mestre, e lá foi o craque italiano Roberto Baggio perder o pênalti que deu o tetracampeonato do Brasil em 1994. "Argentina vice"? 13 letras! E os grandes rivais cansaram de perder finais para o Brasil na primeira metade dos anos 2000, quando Zagallo era auxiliar técnico da Seleção. Apelidado de "Formiguinha" no começo da carreira como jogador por causa do seu tamanho e por correr muito em campo, Zagallo se tornou um dos grandes do futebol. Por isso, a gente perde permissão ao Velho Lobo para dizer: "Grande Zagallo" também tem 13 letras... Da Rádio Senado, Adriano Faria.