Comissão debate capacidade brasileira de desenvolver vacinas — Rádio Senado
Audiência pública

Comissão debate capacidade brasileira de desenvolver vacinas

A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática (CCT) debateu a capacidade do Brasil de desenvolver vacinas eficazes e seguras. A reunião foi um pedido do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP). Para ele, a produção de vacinas no Brasil garante a soberania nacional. Os participantes destacaram o potencial acadêmico brasileiro para produzir vacinas, mas apontaram dificuldades na etapa dos ensaios clínicos.

30/11/2023, 10h23 - ATUALIZADO EM 30/11/2023, 10h24
Duração de áudio: 03:31
Pedro França/Agência Senado

Transcrição
A COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DEBATEU A CAPACIDADE DE DESENVOLVIMENTO DE VACINAS NO BRASIL. OS PARTICIPANTES DESTACARAM O POTENCIAL DO PAÍS PARA A PRODUÇÃO DE IMUNIZANTES, MAS APONTARAM DIFICULDADES NA ETAPA DOS ENSAIOS CLÍNICOS. REPÓRTER BIANCA MINGOTE. O processo para desenvolver uma nova vacina tem diversas etapas e, até que ela seja disponibilizada de forma segura e eficaz para a população, são necessários tempo e investimento. De acordo com participantes de um debate sobre o tema na Comissão de Ciência e Tecnologia, o Brasil possui duas instituições capazes de produzir vacinas, o Instituto Butantan e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, Bio-Manguinhos, da Fiocruz. Para o senador Astronauta Marcos Pontes, do PL de São Paulo, a produção nacional de vacinas é uma questão estratégica. Ter vacinas desenvolvidas no Brasil significa a soberania do país, significa a possibilidade do nosso país ajudar outros países do hemisfério sul do planeta que precisam de ajuda, e o Brasil precisa ocupar o seu lugar de liderança e poder ajudar esses países. Porque quando acontece a pandemia, a gente viu, os países que têm a capacidade de fazer vão cuidar deles primeiro e depois o resto. E aí falta vacina, as pessoas morrem e a gente pode fazer isso no Brasil. A gente pode ajudar o nosso país e os outros países com tecnologia nacional. A produção de uma vacina passa por três etapas: a pesquisa básica, os testes pré-clínicos e os ensaios clínicos. Segundo os participantes do debate na CCT, o país tem potencial e competência acadêmica para desenvolver vacinas, mas enfrenta barreiras, em especial, na etapa dos ensaios clínicos, que é divida em quatro fases. Luis Alberto Breda Mascarenhas, do Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia, Senai/Cimatec, ressaltou a necessidade de conexões com agentes que impulsionem a produção brasileira. É que a gente tem no Brasil uma dificuldade para fazer pesquisa clínica nas fases 1 e 2. O volume de projetos de estudo clínico em 2 é pequeno no Brasil, a gente acaba fazendo muito mais na fase 3, porque vem de um desenvolvimento que já foi feito lá fora, e a gente acaba fazendo o processo para validar esse medicamento, esse fármaco aqui no Brasil. Foi falado que a gente tem uma capacidade acadêmica fabulosa no país, e se a gente conectar com as empresas também interessadas em produzir isso aqui, em desenvolver e produzir, a gente pode ter um salto bastante significativo no nosso país. Ana Paula Fernandes, coordenadora do Centro de Tecnologia em Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais, apontou que os projetos de pesquisa sobre vacinas no país não possuem infraestrutura adequada para produção de pequenos lotes do Insumo Farmacêutico Ativo, IFA, essencial para a produção de imunizantes. Desenvolver vacinas no Brasil enfrenta um gargalo que é costumeiramente chamado de vale da morte. Os projetos de pesquisa, as potenciais candidatos vacinais, não encontram na fase intermediária do vale da morte a infraestrutura necessária, a competência necessária para preparar o que a gente chama de IFA e adjuvante em pequenos lotes que possam ser usados então nos testes clínicos. O debate sobre a capacidade de desenvolvimento de vacinas no Brasil também teve as participações de representantes da Fundação Butantan, da Universidade de São Paulo e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Sob a supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, Bianca Mingote.

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