Ailton Krenak é o primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras
O escritor indígena e ativista ambiental Ailton Krenak foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Recebeu 23 votos e se tornou o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na academia. Assume a de número 5, que pertenceu a José Murilo de Carvalho, morto em agosto deste ano. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Paulo Paim (PT-RS), destacou o simbolismo da eleição de Krenak para a ABL.
Transcrição
A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ELEGEU O PRIMEIRO ESCRITOR INDÍGENA DA HISTÓRIA.
AILTON KRENAK VAI ASSUMIR A CADEIRA OCUPADA POR JOSÉ MURILO DE CARVALHO. REPÓRTER PEDRO PINCER
O escritor indígena e ativista ambiental Ailton Krenak foi eleito para a Academia Brasileira de Letras com 23 votos. O primeiro indígena na ABL vai ocupar a cadeira de número 5, que pertenceu a José Murilo de Carvalho, morto em agosto, e Rachel de Queiroz. Disputaram com Krenak a historiadora Mary del Priore e o escritor, também indígena, Daniel Munduruku, que obtiveram, respectivamente, 12 e 4 votos. Ele nasceu em Itabirinha, em Minas Gerais, na região do Vale do Rio Doce. Nos anos 70, participou da criação da União das Nações Indígenas, primeiro movimento de expressão nacional, que enfrentou resistência da ditadura militar. Ailton Krenak teve papel decisivo na Assembleia Constituinte e protagonizou um dos momentos mais emocionantes, quando subiu à tribuna para defender o direito à terra e o respeito às populações indígenas
Os senhores não poderão ficar com mísseis, os senhores não terão como ficar alheios a mais nessa agressão movida pelo poder econômico, pela ganância, pela ignorância do que significa ser um povo indígena.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, senador Paulo Paim, do PT gaúcho, destacou o simbolismo da eleição de Krenak para a ABL.
A eleição do Ailton Krenak para a Academia Brasileira de Letras é uma repagação histórica e reafirma o compromisso com a representatividade. Como presidente da CDH, quero parabenizá-lo pelos reconhecimentos e reafirmar aqui nosso compromisso com a justiça social e a liberdade.
Autor de livros como "O amanhã não está à venda" e "Ideias para adiar o fim do mundo", Ailton Krenak já teve obras traduzidas em 13 países. Da Rádio Senado, Pedro Pincer.