Coronel da PM-DF cita conivência do Exército e omissão da SSP-DF nos ataques de 8 de janeiro — Rádio Senado
CPI do 8 de Janeiro

Coronel da PM-DF cita conivência do Exército e omissão da SSP-DF nos ataques de 8 de janeiro

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o ex-comandante do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Jorge Naime, disse que o Exército impediu a desmontagem do acampamento no QG e que a Secretaria de Segurança Pública do DF não repassou alertas da Abin no dia dos atos sobre o crescimento da manifestação com real possibilidade de invasão. Para a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o depoimento mostrou a conivência do Exército e a omissão da então cúpula da Secretaria de Segurança, por isso, a relevância das oitivas do ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Dutra, e do ex-secretário Anderson Torres. Para o senador Eduardo Girão (Novo-CE), a CPMI precisa ouvir outros envolvidos nos atos, a exemplo do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Lula, general G. Dias.

27/06/2023, 08h37 - ATUALIZADO EM 27/06/2023, 08h37
Duração de áudio: 04:13
Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
CORONEL DA PM CITA CONIVÊNCIA DO EXÉRCITO E OMISSÃO DA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA NOS ATOS DO 8 DE JANEIRO. RELATORA DA CPMI DO 8 DE JANEIRO NÃO DESCARTA ACAREAÇÃO COM EX-CHEFE DO COMANDO MILITAR DO PLANALTO. OPOSIÇÃO QUER OUVIR EX-MINISTRO DO GSI. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o ex-comandante do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Jorge Naime, reafirmou que o Exército não permitiu a retirada de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro do Quartel General em Brasília. Citou que o Gabinete de Segurança Institucional barrou uma operação de desocupação no dia 29 de dezembro apesar de uma reunião no dia anterior com autoridades das forças de segurança. O coronel declarou que o local era frequentado por pessoas que diariamente incitavam o golpe. Na avaliação dele, se a PMDF tivesse conseguido desocupar o QG, os ataques do 8 de Janeiro poderiam não ter ocorrido com a mesma intensidade e destruição. Jorge Naime pediu atenção dos parlamentares para relatórios da Agência Brasileira de Inteligência, que alertaram às 10 horas da manhã do dia da invasão para o crescimento da manifestação com o propósito de ocupação das sedes dos três Poderes. Segundo ele, se iniciativas tivessem sido tomadas, a PM teria contido os manifestantes. Ele revelou que nenhum integrante do Departamento de Operações da PM estava no grupo do WhatsApp da Secretaria de Segurança Pública e da Abin com os alertas. O que aconteceu é que as informações não chegaram. E vou repetir: os senhores precisam ler com muita seriedade os relatórios da Abin porque ali é esclarecedor. Ali está bem claro quem teve a informação, quando teve, como teve e o que que procedeu. Eu acho um absurdo as informações que estão nesse relatório e o chefe que estava em exercício na Secretaria de Segurança Pública passando mensagem para o governador que estava tudo tranquilo. Para mim assim, ou ele foi enganado ou ele dolosamente enganou o governador. Passou informações erradas para o governador. O senador Eduardo Girão, do Novo do Ceará, avalia que o depoimento do coronel mostra que houve omissão do governo federal, que teria sido alertado pela própria Abin sobre os ataques. Ele defendeu a oitiva dos envolvidos por parte do governo, como ex-ministro do GSI, general G. Dias. É muito estranho o que está acontecendo aqui. A gente vê que o documento da Abin é chave. E ficou claro hoje nesse depoimento. Ele falou várias vezes “vocês precisam ver o documento da Abin”. O documento da Abin é aquele que vazou na Folha, que teve até uma falsificação e que deixa claro que dois dias antes dos atos já tinha a informação que o objetivo era destruir o patrimônio. O que é que o governo federal fez? Fica esse questionamento. Onde é que está a Força de Segurança Nacional? O Batalhão Presidencial, que foi desmobilizado. Para a relatora, senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, o depoimento do coronel confirma a omissão da então cúpula da Secretaria de Segurança Pública, cujo secretário era o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e a conivência do Exército citando o ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Dutra. A obstrução por parte de alguns militares das Forças Armadas brasileiras em relação à desmobilização dos acampamentos. Ele deixou muito claro que tentou por várias vezes desmobilizar e na prática foram realmente impedidos. Ele chega inclusive a citar o general Dutra. Então, acho que foi uma informação muito fundamental, nos dá elementos para que na oitiva do general Dutra a gente possa entender da parte dele como se deu. Se ele negar, até pedir na sequência uma acareação, que é um dos instrumentos próprios de uma CPMI. O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia, do União da Bahia, informou que a Junta Médica do Senado não identificou o quadro de depressão e ansiedade diagnosticado pelo médico que assinou o atestado que impediria o depoimento. Ele vai encaminhar o laudo do Senado e a gravação da oitiva do militar para o Conselho Federal de Medicina. O coronel, que está preso por omissão desde fevereiro, recorreu ao Supremo Tribunal Federal para não comparecer à CPMI. Após a negativa do ministro Alexandre de Moraes, que conceceu ao militar o direito de permanecer em silêncio, a defesa tentou impedir o depoimento com o atestado.  Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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