Senado aprova inclusão dos nomes das vítimas de chacina de Unaí no livro de Heróis e Heroínas da Pátria — Rádio Senado

Senado aprova inclusão dos nomes das vítimas de chacina de Unaí no livro de Heróis e Heroínas da Pátria

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou nesta terça-feira (16) a inclusão dos nomes de quatro servidores do Ministério do Trabalho assassinados em Unaí, Minas Gerais, em 2004, no livro de heróis e heroínas da pátria. Nelson, Eratóstenes, João Batista e Ayrton faziam fiscalização de trabalho escravo na região. O autor do projeto, que segue para a análise da Câmara dos Deputados, é o senador Paulo Paim (PT-RS).

16/05/2023, 17h22 - ATUALIZADO EM 16/05/2023, 17h23
Duração de áudio: 06:15
José Cruz/Agência Brasil

Transcrição
A COMISSÃO DE EDUCAÇÃO APROVOU E SERÁ ANALISADA AGORA PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS A INCLUSÃO DOS NOMES DAS VÍTIMAS DA CHACINA DE UNAÍ NO LIVRO DE HERÓIS E HEROÍNAS DA PÁTRIA. AÍLTON, ERATÓSTENES, JOÃO BATISTA E NELSON, SERVIDORES DO MINISTÉRIO DO TRABALHO, FORAM ASSASSINADOS EM 2004 DURANTE FISCALIZAÇÃO RURAL NA CIDADE MINEIRA. REPORTAGEM DE RODRIGO RESENDE. Interpretação - Aílton era boa gente, trabalhador, bem-humorado. Casou-se com Marlene, em 1982. Tiveram dois filhos, Rayanne e Ariel, que tinham 16 e 15 anos, respectivamente, à época do crime. Era motorista do Ministério do Trabalho. Aílton saiu de casa para a sua última viagem em 26 de janeiro de 2004, dia em que Ariel completava 15 anos. Ele sempre repetia para familiares e amigos que seu maior desejo era ver os filhos formados. Em 28 de Janeiro de 2004 o motorista Aílton levava três auditores do ministério do trabalho para uma investigação de trabalho escravo na região de Unaí, em Minas Gerais. Os quatro companheiros não sabiam que um deles, Nelson, estava jurado de morte. A senadora Teresa Leitão, do PT de Pernambuco, afirma que o trabalho de fiscalização, ainda hoje, é arriscado. Teresa Leitão - Na fiscalização direta, os auditores fiscais do trabalho verificam in loco, muitas vezes motivados por denúncias, o efetivo descumprimento da legislação trabalhista e as condições reais de trabalho, caracterizadas, ainda com lamentável frequência, por serem injustas e degradantes. Um pistoleiro contratado para alvejar Nelson seguia o carro. Mas não conseguia jeito de executar o serviço, matando apenas aquele auditor. Ligou para pedir orientações e do outro lado da linha ouviu um “Tora Tudo”. E assim o fez... Teresa Leitão - O assassinato de Nelson, Eratóstenes, João Batista e Aílton deixou muita dor e saudades para seus familiares e pessoas queridas, assim como muita indignação em grande parte de nossa população, que repudiou com veemência esse crime torpe e covarde e clama pela punição de todos os culpados. Interpretação - Eratóstenes, ou Tote, como os mais próximos o conheciam, era o mais novo dos quatro servidores alvejados naquele 28 de janeiro. Tinha 42 anos, casado com Marinez Lina e pai de Isabelle. Quando saiu de casa, dois dias antes, Eratóstenes recomendou a Marinez que cuidasse dos preparativos para a festa de aniversário da filha, que estava para acontecer. Isabelle faria seis anos em fevereiro. 19 anos depois, os nomes do motorista e dos três auditores foram aprovados pela Comissão de Educação para inclusão no livro de Heróis e Heroínas da Pátria. Nada mais justo, como aponta o presidente da Comissão de Educação, Flávio Arns, do PSB do Paraná. Flávio Arns - Nada mais meritório, mais justo, em primeiro lugar de se ter justiça no caso específico e em segundo lugar de ser homenagear as pessoas assassinadas nesse episódio. E terceiro, a luta do Brasil inteiro contra o trabalho escravo que não se admite em hipótese alguma, seja no Brasil ou em qualquer parte do mundo. João Batista era uma pessoa gentil, educada e de atitudes nobres. É o que todos falam a seu respeito. Quando João Batista e Genir começaram a namorar ele tinha 31 anos e trabalhava há muito tempo como chefe de pessoal, fazendo folha de pagamento em uma empresa, que ficava na mesma rua em que ela trabalhava. No dia da viagem de João Batista, Genir deixou um terço para que ele levasse. Ela viu o terço novamente quando ele foi devolvido, junto com os pertences do marido. O senador Esperidião Amin, do PP de Santa Catarina, lembra que os servidores morreram em trabalho, ao defender a dignidade humana. Esperidião Amin - E o projeto engrandece a figura do servidor público. A percepção de que o servidor público sacrifica a própria vida e o cumprimento de uma tarefa que sempre é nobre, que é pública. E especialmente uma dessas que é de combate ao trabalho escravo. Interpretação - Nelson era Auditor-Fiscal do Trabalho desde 1999. Casou-se com Therezinha de Oliveira, com quem teve uma filha, Kellen. Nelson e Therezinha se separaram em 1984. Mais tarde ele teve outro filho, o Thiago, fruto de um breve namoro. Nelson tinha bom relacionamento com os filhos. Kellen estava na faculdade de Medicina quando o pai foi assassinado. Thiago tinha acabado de completar cinco anos; o mais novo dos sete órfãos da tragédia. O autor da homenagem, senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, destaca que a busca por justiça ainda não acabou. Paulo Paim - Quando nós pedimos que seja colocado entre os heróis da pátria o nome de Nelson José da Silva, Eratóstenes Almeida Gonçalves, João Batista Lage e Ayrton Pereira de Oliveira. Dezenove anos ... eles foram massacrados aqui em Unaí porque eles foram lá investigar trabalho escravo. Os mandantes, me contaram as mães, as mães do massacre de Unaí, que na hora do julgamento prenderam o assassino, os mandantes, infelizmente tão até hoje solto. A reportagem conta com trechos do livro “Chacina de Unaí - A luta do SINAIT por justiça” interpretados pela locutora Marluci Ribeiro. Da Rádio Senado, Rodrigo Resende. LOC: O SENADO TAMBÉM APROVOU A INCLUSÃO NO LIVRO DE HOMENAGENS AO NOME DA MÉDICA MARANHENSE MARIA ARAGÃO. SENADORES AINDA DEFINIRAM O DIA 10 DE DEZEMBRO COMO O DIA DO SOCIÓLOGO; A CIDADE PARANAENSE DE CERRO AZUL COMO CAPITAL NACIONAL DA PONKAN; O CARNAVAL DO MUNICÍPIO CEARENSE DE NOVA RUSSAS COMO MANIFESTAÇÃO DA CULTURA NACIONAL; E DERAM O NOME DE PONTE JOAQUIM MACHADO DE SOUZA A PONTE SOBRE O RIO ENVIRA NA RODOVIA BR-364, NO MUNICÍPIO DE FEIJÓ, ESTADO DO ACRE.

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