Presidente do BC defende Copom em sessão temática do Senado
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu, em sessão temática do Plenário do Senado, as decisões do Copom em relação à taxa de juros e reforçou que inflação é o pior imposto para os mais pobres. Já o ex-presidente do BC, Armínio Fraga, pediu ainda humildade para reconhecer os erros do passado que levaram o país à maior recessão da história recente e considerou que a aritmética não fecha no novo arcabouço fiscal.
Transcrição
O PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL, ROBERTO CAMPOS NETO, DEFENDEU AS DECISÕES DO COPOM EM RELAÇÃO À TAXA DE JUROS E REFORÇOU QUE INFLAÇÃO É O PIOR IMPOSTO PARA OS MAIS POBRES.
O EX-PRESIDENTE DO BC, ARMÍNIO FRAGA, PEDIU AINDA HUMILDADE PARA RECONHECER OS ERROS DO PASSADO QUE LEVARAM O PAÍS À MAIOR RECESSÃO DA HISTÓRIA RECENTE E CONSIDEROU QUE A ARITMÉTICA NÃO FECHA NO NOVO ARCABOUÇO FISCAL. OS PRINCIPAIS PONTOS DOS PRONUNCIAMENTOS DOS DOIS ECONOMISTAS COM O REPÓRTER BRUNO LOURENÇO.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou o que disse a senadores da Comissão de Assuntos Econômicos na terça-feira: a meta de inflação é determinada pelo governo e cabe ao BC tomar decisões técnicas para alcançá-la.
A pergunta então é: Por que combater a inflação? Bom, a inflação é um imposto perverso para os mais pobres. As empresas e pessoas com mais recursos têm capacidade melhor de se proteger da inflação. Tem vários estudos que mostram isso. A inflação está muito ligada à confiança do consumidor, então, quando a inflação sobe, você pode ter até uma sensação de curto prazo de que teve uma relação de troca favorável, mas eventualmente isso se apaga.
Roberto Campos Neto afirmou também que o aumento da inflação reduz o prazo médio do crédito e prejudica investimentos mais robustos. Já o ex-presidente do Banco Central entre 1999 e 2003, Armínio Fraga, lembrou que a irresponsabilidade na condução da economia levou a colapsos, como em 2016, e que é preciso humildade para reconhecer isso. Armínio Fraga defendeu ainda o respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal e a volta do Teto de Gastos. E ainda criticou a proposta do novo arcabouço fiscal.
A aritmética não fecha, gente. Infelizmente - à Ministra também se permite o comentário -, não é suficiente zerar o primário, porque zerando o primário significa que nós vamos estar tomando dinheiro emprestado para pagar o juro direto, e o juro é esse que a gente conhece. Então é fundamental caminhar na direção de um saldo primário maior. A aritmética simplesmente não fecha. Outros detalhes podem e devem ser discutidos, mas esse eu creio que é o mais básico.
Armínio Fraga acrescentou que, se 2022 foi o ano de defender a democracia, 2023 deveria ser o da economia. Da Rádio Senado, Bruno Lourenço.