Ataques a escolas têm causas que vão além da segurança pública, aponta audiência em comissão — Rádio Senado
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Ataques a escolas têm causas que vão além da segurança pública, aponta audiência em comissão

A Comissão de Segurança Pública discutiu nesta quarta-feira (19) as causas e medidas que podem evitar os ataques às escolas. A falta de atenção psicológica aos alunos apareceu como um problema a ser atacado pela sociedade como um todo. A iniciativa para o debate foi do senador Angelo Coronel (PSD-BA).

19/04/2023, 17h15 - ATUALIZADO EM 19/04/2023, 17h48
Duração de áudio: 03:44
Pedro França/Agência Senado

Transcrição
A COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA DEBATEU OS ATAQUES CONTRA AS ESCOLAS E A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR. OS DEBATEDORES RESSALTARAM QUE O PROBLEMA É COMPLEXO E DEPENDE DA PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE, BEM COMO AÇÕES EM SAÚDE MENTAL E MEDIDAS LEGAIS, ENTRE OUTRAS. REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES. Em audiência na Comissão de Segurança Pública, especialistas debateram o ataque a escolas, uma iniciativa do senador Angelo Coronel, do PSD baiano, que apresentou dados de estudo feito pela Unicamp, Universidade de Campinas. O estudo ressalta que o perfil dos criminosos aponta jovens de 10 a 25 anos, que sofreram bullying na escola e que apresentam transtorno mental não tratado, ressaltou o senador Angelo Coronel.  Desde 2002, o Brasil registrou 23 ataques a escolas, destes, 10 nos últimos dois anos. Em 2023, a média é de um por mês. A cobertura de imprensa também é um dos fatores apontados pelo estudo com papel importante na multiplicação dos casos, uma vez que os agressores buscam por notoriedade. Isso é muito grave. Representando a Abert, Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão, Rodolfo Salema disse que houve uma mudança na postura editorial de veículos de comunicação para evitar dar visibilidade ao criminoso e o efeito contágio. Já o Comandante Geral da Polícia Militar de Santa Catarina, Aurélio da Rosa, explicou que o estado trabalha com prevenção de violência em ações multidisciplinares. Na avaliação dele, a atuação da força de segurança impediu que a tragédia na creche em Blumenau fosse maior. Representando o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Marivaldo Pereira citou a criação de uma rede com delegacias de investigação e de crimes cibernéticos, agência de inteligência, integração das polícias, entre outras, como resposta à violência nas escolas. Segundo o governo, a violência não é apenas um problema de segurança pública, disse Marivaldo Pereira. Tem um ponto que é consenso em todo o governo: que este não é um problema de segurança pública. Este problema vai muito além de segurança pública. Se nós decidirmos tratar este problema exclusivamente da perspectiva da segurança pública, nós já perdemos. É um problema que exige ampla mobilização da sociedade, ampla mobilização das famílias, ampla mobilização da comunidade escolar e o amplo diálogo com os estudantes. Ao anunciar que o Ministério da Educação liberou R$ 3 bilhões para investimento nas escolas, o representante da pasta, Yann Evanovick ressaltou a importância da escola.  As saídas de curtos prazos passam por este diálogo com a comunidade, com os atores da segurança pública com aqueles que cuidam dos meios de comunicação, mas também acreditamos muito que é preciso destacar o papel que a escola exerce. A escola não é um espaço de violência. É um espaço de difusão do saber. Presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho defendeu a discussão da saúde mental como uma política pública, que inclua a atuação de psicólogos na educação. Nós precisamos de uma política perene, nós precisamos, ao estar neste cotidiano das escolas brasileiras, construir um outro modo de se entender neste mundo que nós vivemos. Portanto, nós precisamos enfrentar – os modos como os discursos de ódio circulam entre nós, os modos como o punitivismo se faz como uma política entre nós e enfrentar a violência a partir de muitos profissionais e de muitos e muitos saberes. Representantes no Brasil das empresas Meta, que controla o Facebook, WhatsApp e Instagram, e do Google garantiram que trabalham com segurança das redes, possuem protocolos contra a disseminação de violência e atuam em parceria com autoridades. Da Rádio Senado, Iara Farias Borges.

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