Após atos violentos, servidores da Câmara e Senado calculam danos ao patrimônio artístico e histórico — Rádio Senado
Ataques à democracia

Após atos violentos, servidores da Câmara e Senado calculam danos ao patrimônio artístico e histórico

Em atos antidemocráticos, invasores atacaram prédios da Praça dos Três Poderes causando danos inimagináveis para o patrimônio público e cultural. Foram invadidos os prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto. Especialistas apontam que mesmo o patrimônio que puder ser restaurado terá marcas da depredação. Entre as obras danificadas está a tela “Mulatas”, de Di Cavalcanti - avaliada em no mínimo R$ 8 milhões - que foi rasgada a facadas.

09/01/2023, 18h01 - ATUALIZADO EM 09/01/2023, 18h09
Duração de áudio: 03:24
Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
A INVASÃO DE PRÉDIOS PÚBLICOS EM ATOS VIOLENTOS OCORRIDOS EM BRASÍLIA NO DOMINGO ACARRETOU UMA PERDA HISTÓRICA IMENSURÁVEL E DANOS AO PATRIMÔNIO PÚBLICO. SOFRERAM COM AS DEPREDAÇÕES O PALÁCIO DO PLANALTO, O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, O SENADO E A CÂMARA DOS DEPUTADOS. REPÓRTER CAROL TEIXEIRA. Os invasores que depredaram as instalações públicas da Praça dos Três Poderes, em Brasília, destruíram um patrimônio histórico que dificilmente poderá ser recuperado. Presentes recebidos por autoridades de outros países e obras de artistas renomados foram furtados e vandalizados, causando um prejuízo inimaginável. No Palácio do Planalto o estrago mais notável foi à tela “Mulatas”, pintada por Di Cavalcanti em 1962. O quadro - avaliado em no mínimo oito milhões de reais - foi rasgado a facadas. No Supremo, o Brasão da República e a cadeira da presidência foram arrancados dos lugares, obras de arte e uma coleção valiosa de vasos chineses foram quebrados e um exemplar raro da edição original da Constituição, roubado. Na Câmara dos Deputados, os invasores destruíram o vitral "Araguaia", de 1977, e furtaram a escultura de bronze "A bailarina", de 1920. Claudia Guimarães, do Centro Cultural da Câmara, destaca que os prejuízos ainda não foram totalmente calculados, mas que há um esforço grande para tentar recuperar o máximo possível das obras. Na verdade, a gente conseguiu recuperar boa parte dos presentes. Aqueles mais delicados, uma porcelana e uma coisa mais fininha eles quebraram. Então a gente não sabe se vai ser possível recuperar. Mas os objetos mais firmes tiveram alguns danos que eu acho que vão ser solucionadas na restauração. E agora a gente tá tentando recuperar porque muitos foram danificados e a gente não sabe bem quantos foram realmente furtados. No Senado, quadros da galeria dos ex-presidentes da Casa pintados pelo artista plástico Urbano Villela foram danificados, além de um painel feito por Athos Bulcão. O chefe do laboratório de conservação e restauração do Museu do Senado, Ismail Carvalho, afirmou que mesmo que forem restauradas, as obras depredadas nunca mais serão as mesmas. Por melhor que seja o processo de restauração de uma obra, as marcas de uma agressão serão eternas. No painel do Athos Bulcão que foi agredido só uma tinta de restauro, pra aquele painel, um tubo de 20 ml custa quase 20 mil reais. O senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, disse que a depredação causou um impacto histórico e cultural que provavelmente não poderá ser recuperado. Portanto é uma violação política, sem precedentes, é uma violação histórica, porque você depredou e destruiu peças de valor histórico insubstituível e cultural, porque você tem uma relação com outros países, a troca de presentes. Isso tudo tá perdido ou vai ser difícil de ser recuperado. O dano ao patrimônio cultural brasileiro é crime tipificado no código penal e o culpado é punido de acordo com o prejuízo provocado. Os responsáveis pela destruição ainda estão sendo investigados e segundo as autoridades serão devidamente punidos e responsabilizados. Sob a supervisão de Roberto Fragoso, da Rádio Senado, Carol Teixeira.

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