País precisa investir em pesquisa e infraestrutura para reduzir dependência externa de fertilizantes — Rádio Senado
Audiência pública

País precisa investir em pesquisa e infraestrutura para reduzir dependência externa de fertilizantes

O Brasil importa cerca de 85% dos fertilizantes que usa em sua agricultura. Por isso, crises internacionais como a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, fornecedora de grande parte desses produtos, têm efeito direto na inflação e na produção nacional. Especialistas ouvidos pela Comissão de Assuntos Econômicos foram unânimes em cobrar políticas para reduzir a dependência externa. O representante do Ministério da Agricultura sugeriu a busca por novos parceiros comerciais. Já o setor de pesquisa defendeu fontes alternativas e o investimento em tecnologia e infraestrutura.

24/05/2022, 14h37 - ATUALIZADO EM 24/05/2022, 14h37
Duração de áudio: 02:13
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
O BRASIL PRECISA INVESTIR EM PESQUISA E INFRAESTRUTURA PARA REDUZIR A DEPENDÊNCIA EXTERNA DE FERTILIZANTES. A COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS DEBATEU NESTA TERÇA O AUMENTO DOS INSUMOS AGRÍCOLAS EM FUNÇÃO DO CENÁRIO DE INSTABILIDADE INTERNACIONAL. REPÓRTER ROBERTO FRAGOSO. O Brasil importa cerca de 85% dos fertilizantes que usa em toda a sua agricultura. Por isso, crises internacionais como a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, país que fornece grande parte desses produtos, têm efeito direto na inflação e na produção nacional. Especialistas ouvidos pela Comissão de Assuntos Econômicos foram unânimes em cobrar políticas para reduzir essa dependência externa. Luís Eduardo Rangel, do Ministério da Agricultura, sugeriu a chamada diplomacia dos fertilizantes, ou seja, buscar novos parceiros comerciais. Nós seremos importadores de fertilizantes porque é uma tendência natural da expansão da agricultura, as demandas vão crescer. O que nós queremos em 2050 é transformar uma realidade de 85% em 50%. Não é menosprezar nossa capacidade, mas eu acho que do ponto de vista de estratégia e soberania ser autossuficiente hoje no mundo globalizado não parece ser uma estratégia inteligente. Mas ter capacidade de reagir a esses choques de ofertas internacionais é estratégico e tem sido perseguido pelos países do mundo como um todo. Marcus Vidal, presidente do sindicato dos trabalhadores em pesquisa agropecuária, defende, no entanto, que o País fortaleça sua produção nacional de fertilizantes, por meio do investimento em tecnologia e infraestrutura. O País não pode esperar 30 anos, até 2050, para reduzir em apenas 50% sua dependência de um mercado onde não participa da formação de preços. O Brasil pode reduzir a dependência de adubos importados investindo mais na produção de fertilizantes orgânicos, investindo em pesquisa, em plantas de produção de fertilizantes, infraestrutura e logística para escoamento desses insumos, a na melhoria da cooperação internacional, entre outros. O senador Esperidião Amin, do PP de Santa Catarina, lembrou que a longo prazo essa hiperinflação desestimula a atividade no campo e ameaça a segurança alimentar e a soberania do Brasil. O preço desses fertilizantes deu uma disparada, e o produtor rural que tinha comprado fertilizante no ano passado, não tinha usado. Sabe o que ele fez neste ano? Não vai plantar, vai vender o fertilizante. Tá ganhando 300, 350 por cento sem trabalhar. Quer dizer, levar para o agronegócio a especulação financeira, eu acho que é uma desgraça que nós deveríamos evitar. Debatedores consideram ainda que a Petrobras deve voltar a atuar na produção de adubos nas unidades desativadas na Bahia, em Sergipe e no Paraná. Da Rádio Senado, Roberto Fragoso.

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