Fiscalização do uso da inteligência artificial deve começar desde o desenvolvimento dos programas — Rádio Senado

Fiscalização do uso da inteligência artificial deve começar desde o desenvolvimento dos programas

Especialistas apontaram, na comissão de juristas que estuda inteligência artificial, que a fiscalização dos programas inteligentes deve ser feita já na fase de desenvolvimento. Os debatedores disseram que os grupos mais expostos a erros e manipulação de informações são crianças e pacientes. Por isso, nessas áreas sensíveis, os princípios éticos devem nortear a tecnologia desde a concepção. O colegiado discute a elaboração de uma alternativa a três projetos de regulamentação em análise no Senado (PL 21/2020, PL 5051/2019 e PL 872/2021).

29/04/2022, 17h51 - ATUALIZADO EM 29/04/2022, 17h51
Duração de áudio: 01:59
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Transcrição
A FISCALIZAÇÃO DO USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DEVE COMEÇAR DESDE O DESENVOLVIMENTO DOS PROGRAMAS, ALERTAM ESPECIALISTAS. NA COMISSÃO DE JURISTAS QUE DISCUTE O TEMA, DEBATEDORES DISSERAM QUE OS GRUPOS MAIS EXPOSTOS A ERROS E MANIPULAÇÃO SÃO CRIANÇAS E PACIENTES. REPÓRTER ROBERTO FRAGOSO. Crianças e adolescentes são um terço da população brasileira e representam também um terço de quem usa a internet no País e no mundo. Por isso, é preciso avaliar o impacto da exposição à tecnologia nessas pessoas ainda em desenvolvimento, em especial da inteligência artificial, capaz de coletar dados pessoais, induzir comportamentos, limitar o acesso a determinadas informações e assim, tolher sua liberdade e direito de escolha. Pedro Hartung, do Instituto Alana de proteção da infância, alerta que a fiscalização dos programas inteligentes deve ser feita desde a sua concepção. Nós defendemos os direitos da criança por design na inteligência artificial. Não basta só pensar nos efeitos disso, tem que vir antes no próprio desenvolvimento. E pensar na intencionalidade: o que eu quero com essa inteligência artificial, é promover direitos, apoiar o desenvolvimento ou explorar comercialmente crianças? É importante que a gente possa apoiar o desenvolvimento e o bem-estar das crianças, garantir inclusão, priorizar justiça e não a discriminação pras crianças, garantir espaços livres de exploração comercial e de publicidade infantil, proteja os dados e a privacidade. Outro setor sensível é o da saúde. A inteligência artificial já é capaz de auxiliar no diagnóstico de doenças, monitorar surtos de enfermidades e até ajudar na gestão, por meio da distribuição e controle de uso de recursos. Rogéria Leoni, responsável pela proteção de dados do Hospital Albert Einsten, argumenta que os programas inteligentes na área médica devem ter a ética entranhada no código fonte. O médico hoje, ele se apóia em ferramentas. Portanto, precisa existir responsabilidade no seu desenvolvimento. O desenvolvimento de um algoritmo deve ser ético, responsável, em razão do alto risco que ele traz. É diferente de um algoritmo desenvolvido para te induzir na escolha de um filme, ou pra você ouvir uma determinada música. Aqui nós estamos falando com o bem maior, que é a vida e que deve ser tutelada por nós. Os especialistas disseram que apesar da complexidade, inovação e proteção não são excludentes. E que com regras claras e transparentes, a inteligência artificial pode impulsionar a pesquisa, a educação e a indústria no Brasil. Da Rádio Senado, Roberto Fragoso.

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