Prefeitos confirmam pedido de propina para liberar recursos no MEC — Rádio Senado
Oitiva

Prefeitos confirmam pedido de propina para liberar recursos no MEC

A Comissão de Educação ouviu nesta terça-feira (5) cinco prefeitos sobre denúncias de atuação de pastores na liberação de verbas do Ministério da Educação. Para o autor do requerimento, Randolfe Rodrigues (REDE-AP), o ex-ministro Milton Ribeiro qualificou os pastores ao incluí-los ao seu lado em reuniões no Ministério. Os pedidos de propina eram feitos, segundo os relatos dos prefeitos, em um almoço após o encontro oficial.

05/04/2022, 14h33 - ATUALIZADO EM 05/04/2022, 20h11
Duração de áudio: 03:11
Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
CINCO PREFEITOS FALARAM À COMISSÃO DE EDUCAÇÃO SOBRE DENÚNCIAS DE TRÁFICO DE INFLUÊNCIA NO MEC. TRÊS DELES CONFIRMARAM O PEDIDO DE PROPINA EM DINHEIRO E ATÉ EM OURO FEITO POR PASTORES IMEDIATAMENTE APÓS REUNIÕES COM O EX- MINISTRO MILTON RIBEIRO. A REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA. A Comissão de Educação ouviu nesta terça-feira cinco prefeitos sobre denúncias de tráfico de influência no Ministério da Educação. Segundo os relatos, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura participavam de reuniões no MEC ao lado do ex-ministro Milton Ribeiro e do presidente do FNDE, Marcelo Ponte. Em seguida, eram convidados para um almoço com os pastores que faziam então uma oferta para facilitar a liberação de recursos em troca de propina. Segundo o prefeito de Bonfinópolis, em Goiás, Kelton Pinheiro, Arilton Moura se vangloriava de ter uma boa relação com Milton Ribeiro e conseguir acelerar os processos do MEC. Essa escola aí deve custar R$ 7 milhões, mas é o seguinte eu preciso de 15 mil na minha mão hoje, você faz uma transferência pra minha conta. Esse negócio que pra depois não cola comigo não, vocês políticos são malandros. Se não pegar antes, depois não paga ninguém, aquilo me deu ânsia de vômito.  Para o senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidae do Amapá, ao garantir a presença dos pastores ao seu lado nas reuniões dentro do Ministério, o ex-ministro Milton Ribeiro estava, de certa forma, atestando a sua idoneidade. O modus operandi da corrupão era o mesmo. Primeiro o ministro reúne, faz um discurso para todos os prefeitos contra a corrupção, mas quem está lá ao lado do ministro ladeando? Sr Arilton de um lado, sr Gilmar do outro. Ao centro o ministro, ao lado os dois inntermediadores. Aí ele faz, para as telas e para os prefeitos, um discurso contra a corrupção mas está lá, qualificando os dois intermediadores. De acordo com o prefeito de Boa Esperança do Sul, em São Paulo, José Manoel de Souza, Arilton teria oferecido a construção de uma escola profissionailzante na cidade. Em troca, o prefeito teria que depositar 40 mil reais na conta de uma igreja evangélica. Já o prefeito de Luís Domingues, no Maranhão, Gilberto Braga, voltou a afirmar que o pastor Arilton Moura teria cobrado um quilo de ouro para protocolar as demandas do município. Segundo ele, o pedido foi feito abertamente, na frente de outros 30 prefeitos em um almoço após reunião no MEC.  A conversa lá era muito aberta. Ele disse: 'Você vai me arrumar R$ 15 mil para protocolar suas demandas e, depois que o recurso tiver empenhado, como sua região é de mineração, você vai me trazer 1 kg de ouro'. Eu não disse nem que sim nem que não e me afastei da mesa e fui almoçar. Já o prefeito do município maranhense de Rosário, Calvet Filho, negou ter presenciado tráfico de influência. Ele confirmou encontro no apartamento do ex-ministro da Educação e a liberação de R$ 15 milhões para a sua cidade.  Helder Aragão, de Anajatuba no Maranhão, também garantiu não ter recebido pedido de propina. Outros quatro prefeitos foram convidados, mas na compareceram. Da Rádio Senado, Marcella Cunha.

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