Debate aponta que mulheres negras são principais vítimas de violência política — Rádio Senado
Direitos Humanos

Debate aponta que mulheres negras são principais vítimas de violência política

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) recebeu representantes de movimentos de defesa dos direitos dos negros, mulheres e LGBTQIA+ para discutir a violência política no Brasil. Participou do debate a Fundadora do Instituto Marielle Franco, Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada. O presidente da CDH, senador Humberto Costa (PT-PE), anunciou que a comissão criou um canal para receber denúncias de violência política, o email é violenciapolitica@senado.leg.br

17/02/2022, 19h26 - ATUALIZADO EM 17/02/2022, 19h27
Duração de áudio: 03:35
Pedro França/Agência Senado

Transcrição
AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS ABORDOU A VIOLÊNCIA POLÍTICA NO BRASIL DEBATEDORES DESTACARAM VÁRIOS ATOS DE VIOLÊNCIA CONTRA PARLAMENTARES MULHERES, PRINCIPALMENTE NEGRAS E POPULAÇÃO LGBTQIA+ REPORTAGEM DE REGINA PINHEIRO O presidente da Comissão de Direitos Humanos, senador Humberto Costa, citou estudo "Violência Política e Eleitoral no Brasil", feito entre janeiro de 2016 e 1º de setembro de 2020, publicado pelas entidades Terra de Direitos e Justiça Global mostrando que a maioria das vítimas de violência política é composta por mulheres que atuam na representação Legislativa. O estudo também catalogou 59 ofensas com conteúdo discriminatório, sendo 76% delas direcionadas a mulheres, tendo como principal alvo as negras. Humberto Costa enfatizou que a violência política é misógina: Isso ocorre a partir do momento em que se estabelece que homens brancos heterossexuais são detentores de todo o poder e  Todos aqueles que não se encaixam nessa descrição são inferiores e, por isso, não devem ocupar espaços de poder. Estamos falando aqui de atos que buscam, acima de tudo, deslegitimar pessoas que foram eleitas ou que estão utilizando os mecanismos da democracia para, acima de tudo, dar voz  àqueles que historicamente são silenciados por uma sociedade extremamente preconceituosa.  A Representante do Movimento #VoteLGBT, Rafa Ella Brites Matoso, denunciou que parlamentares trans negras estão recebendo ameaças de morte:    A gente está evidenciando que as Parlamentares trans e negras estão sofrendo ameaças de morte no Brasil.Penso que considerar a interseccionalidade das mulheres na hora de dispensar a proteção dessas lideranças contra a violência política é algo urgente. Não deixamos de bradar por essa pauta, por essa urgência. Afinal, são urgências de vida. Trata-se de defesa da vida dessas pessoas, não só para evitar que se tornem novas marielles, mas para garantir que essa pessoa possa existir.  Anielle Franco,  Fundadora do Instituto Marielle Franco e irmã da vereadora assassinada, alertou que muitas mulheres não vão se candidatar por medo de morrer: Violência essa que atravessa, majoritariamente, os corpos negros, violência essa que existe e tem atingido mulheres. Agora, quando a gente pergunta se vão se candidatar em 2022, são mulheres que dizem que não, por temerem suas vidas. Essa violência que assassina Marielle também escancara o quanto a democracia brasileira é frágil. Eu não quero colocar minha irmã num pedestal quando a gente fala de violência política, porque milhares de pessoas, infelizmente, no país têm sido assassinadas,  Mas a Mari estava ali, no exercício do seu mandato. Então, é uma violência que atravessou minha família e pode vir a atravessar outras. A Coordenadora de Incidência Política na Organização de Direitos Humanos Terra de Direitos, Gisele Barbieri disse que a proximidade das eleições cria um cenário para que a violência política aumente e que o desafio não é só possibilitar a participação das minorias, mas também garantir a segurança dessas pessoas. Humberto Costa anunciou que a Comissão de Direitos Humanos abriu um canal específico para o recebimento de denúncias de violência política. É o email: violenciapolitica@senado.leg.br. Da Rádio Senado, Regina Pinheiro

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