Depois de sessão tumultuada, ministro da CGU passa a investigado pela CPI — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Depois de sessão tumultuada, ministro da CGU passa a investigado pela CPI

O ministro da Controladoria Geral da União, Wagner Rosário, agora é investigado pela CPI da Pandemia por prevaricação (deixar de tomar medidas cabíveis), no caso das denúncias de irregularidades em contratos do Ministério da Saúde. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) questionou mudanças em pareceres da CGU para negar as denúncias de falhas na compra da vacina indiana Covaxin e de testes rápidos. Já Marcos Rogério (DEM-RO) disse que a oposição queria desestabilizar o ministro, mas reconheceu excessos de Wagner Rosário e dos advogados. E por ameaças à CPI, Jair Renan Bolsonaro poderá ser alvo de um inquérito da Polícia Civil.

21/09/2021, 19h44 - ATUALIZADO EM 21/09/2021, 19h44
Duração de áudio: 04:49
Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
MINISTRO DA CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO ENTRA NA LISTA DE INVESTIGADOS DA CPI DA PANDEMIA APESAR DE NEGAR OMISSÃO.   SENADO DEVERÁ PEDIR INVESTIGAÇÃO DE FILHO DO BOLSONARO QUE FEZ AMEAÇAS À CPI.  REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Por sugestão do presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz, do PSD do Amazonas, o ministro da Controladoria Geral da União, Wagner Rosário, agora é investigado da Comissão. Ele teria cometido o crime de prevaricação, ou seja, omissão enquanto servidor público diante das denúncias de irregularidades na compra da vacina indiana covaxin e de teste rápido para a covid-19. Já no início do depoimento, Wagner Rosário negou qualquer tipo de descaso ao citar operações da CGU, incluindo a Hospedeiro, que revelou a tentativa de fraude na licitação do teste rápido para que a Precisa Medicamentos vencesse a disputa. Wagner Rosário argumentou que a CGU dependia de uma autorização judicial para atuar no caso, o que só ocorreu em junho deste ano após denúncias da CPI e não em outubro do ano passado quando da operação. Wagner Rosário admitiu que a CGU não recomendou o afastamento do então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, nem de outros agentes públicos envolvidos nas irregularidades. Wagner Rosário argumentou ainda que não houve o cometimento de qualquer crime porque a compra do teste não foi feita. A licitação em que houve tentativa de interferência pelo grupo que Marconny Albernaz fazia parte foi cancelada, não tendo ser desembolsado um único real dos cofres públicos. Fica claro e transparente que não existe prevaricação nem minha nem de nenhum servidor da CGU. Todas as medidas possíveis investigamos todos independentemente de quem quer que seja. Sobre o contrato com a covaxin, Wagner Rosário admitiu que auditoria foi aberta após a CPI apresentar as denúncias. Ele apontou apenas uma falsificação na procuração da Precisa Medicamentos como irregularidade. E admitiu que a CGU checou o preço da vacina pelo site do laboratório indiano. Wagner Rosário disse ainda que a  Precisa Medicamentos adequou a nota fiscal segundo orientações do Ministério da Saúde. Mas a senadora Simone Tebet, do MDB de Mato Grosso do Sul, exibiu documentos da própria CGU mostrando ilegalidades nesse contrato como aumento no preço sem justificativas, sumiço da ata da reunião em que foi anunciado o valor de US$ 10, antecipação de pagamento que seria feito para uma terceira empresa com sede em paraíso fiscal. Simone Tebet se disse surpresa com a atuação do ministro da CGU em defesa do contrato da covaxin, uma vez que a Controladoria não poderia se manifestar sem a conclusão das investigações que demoraram para ser iniciadas pelo órgão de controle. V. Exa. não é advogado do Presidente da República, V. Exa. não é advogado do Ministro da Saúde. V. Exa. não é nem o advogado na estrutura da CGU. V. Exa. atua e tem que atuar como órgão preventivo de fiscalização e controle, de transparência de gestão, de combate à corrupção. Ao invés de estar, na cabeça da CGU, uma suspeita que foi denunciada, estava sendo denunciada pela CGU, eles resolvem fazer o processo de advogado de defesa. Não, a CGU não é advogado de defesa de ninguém. A CGU foi criada para ser um órgão de fiscalização e controle. Em resposta, o ministro ofendeu a senadora, o que provocou um tumulto e o encerramento da sessão após o anúncio de que Wagner Rosário integra a lista de investigados. O senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, acusou a oposição de desestabilizar o ministro, que teria admitido excesso junto com os advogados que desacataram diversos integrantes da CPI, incluindo o presidente. Marcos Rogério avalia que o ministro da CGU deveria ter respondido com base nas informações obtidas pela Controladoria. Em diversos momentos, houve provocação de maneira acintosa porque a oposição queria exatamente isso, criar uma situação de constrangimento para o ministro porque eles queriam controlar a narrativa, não estavam preocupados ali com que o ministro ia responder. Eles faziam comentários, acusações, informações equivocadas, dados falsos e aí no final fazer uma pergunta, numa verdadeira arapuca. Eu lamento pelo fato de um discurso fora ponto, o próprio ministro depois reconheceu isso. Eu acho que não deveria ter feito isso. Antes do depoimento, o presidente da CPI comunicou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se solidarizou com os integrantes da Comissão ameaçados por Jair Renan Bolsonaro. E anunciou que o Senado vai adotar as medidas cabíveis, entre elas, um pedido para que o filho do presidente Bolsonaro preste depoimento numa delegacia e seja investigado pela justiça comum por não ter foro privilegiado. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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